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Viver e o Morrer para Pacientes sob Cuidados Paliativos Oncológicos: Desvelando os Sentidos da Vida, O

24 de Abril, 2025 . Dissertações Elvira Silvestre Chaves Gama

O presente estudo teve como objetivo desvelar os sentidos da vida descritos por pacientes sob cuidados paliativos oncológicos a partir da experiência do viver e do morrer. Entende-se que o doente em cuidados paliativos, encontra-se com o destino inevitável, a finitude. O contato com a vulnerabilidade da existência é disparador de questionamentos sobre propósito e sentido da vida, possibilitando que a finitude e a morte se tornem plenas de sentido, à medida que evidencia o caráter de unicidade e irrepetibilidade da existência humana. O percurso metodológico desta pesquisa foi fundamentado no método de investigação fenomenológico, descrito por Amedeo Giorgi e Daniel Sousa (2010). O estudo teve como cenário a Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO), primeiro serviço estruturado de tratamento paliativo na Região Norte em funcionamento desde 2001 no Hospital Ophir Loyola (HOL), unidade de referência de alta complexidade no tratamento do câncer em Belém-PA. Colaboraram quatro doentes com câncer metastático sob cuidados paliativos, em regime de internação hospitalar; cada um foi entrevistado individualmente e convidados a responder a pergunta aberta: o que dá sentido a sua vida? A análise dos relatos coletados nas entrevistas demonstrou: a) diante da finitude, da impossibilidade de projetar, sonhar, desejar, a garantia da existência é encontrada no vivido, ou seja, no passado; b) é justamente o passado, a maneira como a pessoa construiu a sua história, o vivido que dá sentido à vida; c) para vivenciar a finitude não se precisa necessariamente falar claramente sobre ela, escolher não aprofundar-se sobre a vivência do morrer não quer dizer que o doente não perceba a aproximação da finitude; d) o ser humano é único e irrepetível e, assim, o sentido ou os sentidos atribuídos à vida vão depender da história de vida e da singularidade do doente. Este trabalho evidenciou a unicidade do viver e do morrer e a maneira pela qual se desvelam os sentidos da vida. As histórias do vivido, reconhecidas por Frankl (2003) como “romances”, precisam ser contatas e necessitam de ouvintes interessados e atentos, pois, ressalto, cuidar de pessoas que vivenciam a finitude exige uma capacidade amorosa e empática que permite o (com)partilhamento do viver e do morrer, permitindo que a morte dos que estão partindo, seja leve e calma e a vida dos que sobrevivem possa ser enriquecida e transformada pelos “romances” vividos deixados como legado da existência.

Autor(a)

Elvira Silvestre Chaves Gama

Orientador(a)

Airle Miranda de Souza.

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2016