Esta pesquisa tem como objetivo desvelar as vivências de mães pela perda por morte não natural de um filho, assim como suas vivências frente às fotografias do filho que foi a óbito. Optamos por realizar uma pesquisa qualitativa de orientação fenomenológica. Foram realizadas entrevistas com três mães que perderam filhos jovens adultos (18 a 29 anos) cuja morte tenha sido decorrente de causas não naturais. Elegemos como instrumento de pesquisa uma entrevista aberta de orientação fenomenológica, norteada por duas questões temáticas disparadoras: “Fale-me sobre como é ter perdido um filho(a) e sobre sua relação com as fotografias de (nome da pessoa falecida)?”; “Como foi, para você, falar sobre a perda do(a) seu(a) filho(a) por meio de fotografias?”. Os dados coletados foram analisados a partir da proposta de análise fenomenológica de Amedeo Giorgi em diálogo com a Logoterapia e a literatura sobre luto. Para a compreensão dos resultados, as temáticas comuns que emergiram foram descritas em oito constituintes essenciais, são elas: a vivência da perda de um filho; posicionamento frente à dor; o papel da família no enfrentamento da perda; o papel da ocupação no enfrentamento da perda; recursos auxiliares no manejo da dor; significados das fotografias do filho falecido na vivência de perda; valor atribuído às fotografias; relação estabelecida com as fotografias após a morte do filho. No que tange a relação com as fotografias, foram observadas inúmeras particularidades, então, optamos por descrevê-las separadamente, por considerarmos sua importância para a compreensão das vivências como um todo. Os resultados revelam que, na vivência das participantes, o luto materno é complexo, descrito como uma dor constante e eterna, impossível de ser superada, no entanto, passível de ser transformada. Neste contexto, a fotografia surge como recurso importante no processo de ressignificação da perda e posicionamento frente ao sofrimento. Ainda que a relação com as imagens seja uma vivência singular, é possível constatar o interesse por preservar as imagens como forma de manter o filho vivo e presente no cotidiano familiar. As participantes significam as imagens como um recurso capaz de eternizar o passado vivido e compartilhado, favorecendo o acesso às lembranças e a manutenção do laço indissolúvel que é a relação entre mães e filhos.
Vivências de Mães em Luto e as Fotografias do Filho Falecido: Posicionamento Frente à Dor e o Passado Eternizado em Imagens
Rebecca Barata Moreira
Orientador(a)
Airle Miranda de Souza.
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2018