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Violência Demasiadamente Humana: Uma Leitura Psicanalítica da Trilogia da Frieza, de Michael Haneke

15 de Abril, 2025 . Teses Jéssica Samantha Lira da Costa

O presente estudo enfocou a noção de violência na obra freudiana, aqui pensada em uma possível articulação com o cinema de Michael Haneke – mais especificamente, com a chamada Trilogia da Frieza do diretor, composta pelos filmes O Sétimo Continente (1989), O Vídeo de Benny (1992) e 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso (1994). Nesse sentido, evitando a pretensão da realização de interpretações de cunho reducionista e/ou meramente patologizante, seus objetivos podem ser divididos em quatro partes centrais: 1) abordar a construção, o desenvolvimento e as nuances da noção de violência no pensamento de Freud; 2) realizar um resgate teórico-conceitual acerca das relações entre a psicanálise e a arte cinematográfica; 3) esmiuçar a especificidade do cinema hanekiano e da filmografia aqui analisada; 4) realizar uma leitura psicanalítica da Trilogia da Frieza de Haneke. Para tanto, a metodologia aqui adotada consistiu na revisão bibliográfica, sendo privilegiado, conforme sugerido acima, o referencial teórico freudiano, e na análise fílmica, privilegiando, conforme relatado, o rigor metodológico científico, fazendo com que pudéssemos contemplar as obras hanekiana, a partir da decomposição de seus elementos. No que tange aos resultados, chegamos ao entendimento de que a maior das violências representadas pelo cinema de Haneke é a violência provocada pela apatia humana. Tendo em vista que após as incursões realizadas, notamos que a manifestação da pulsão de morte, em formato de apatia, contribui para uma espécie de implosão psíquica e que, por consequência, leva ao aniquilamento da atividade psíquica humana. Concluiu-se que há um tipo peculiar de violências simbólica e silenciosa transmitida por intermédio do cinema de Michael Haneke, violência tão avassaladora que impulsionam o homem ao abismo radical, ou seja, a violência demasiadamente apática que trabalhamos na tese. Com efeito, se há esperança para combatermos esse mal implacável, tal combate pode e deve ser empregado também por meio da palavra e da escuta, donde a psicanálise é convocada.

Autor(a)

Jéssica Samantha Lira da Costa

Orientador(a)

Maurício Rodrigues de Souza

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2018