Esta tese tem como proposta central o debate sobre a constituição de subjetividade na relação entre o sujeito contemporâneo e o neoliberalismo em suas facetas biopolíticas. Instituindo como principal ponto de partida a inerência da internet (e de sua quase infinita gama de artifícios tecno-virtuais-digitais) em relação à subjetividade contemporânea e seus modos de vida, neste percurso, com o aporte teórico da filosofia de Michel Foucault, bem como, de outros autores, analisaremos alguns traços desta relação no que chamaremos de “atualíssima contemporaneidade”, isto é, o momento datado no registro das duas primeiras décadas do século XXI, que consta transversalizado por novas formas subjetivantes, a partir das quais os sujeitos tem suas vidas submergidas no âmbito da internet e do mundo informacional. Elencaremos alguns âmbitos a serem abordados, os quais entendemo-los como de suma importância ao diagnóstico do que seriam os sujeitos constituídos no tempo da internet: 1 – a constituição de subjetividade intrínseca ao capitalismo neoliberal, o qual promove um modelo de subjetividade onde o que se estabelece como princípio seria a produtividade, a eficácia e o autoempresariamento; 2 – a manifestação ininterrupta dos novos métodos de vigilância, os quais outrora atuavam somente pela via física-analógica (de instituições como hospitais; fábricas; prisões etc.), mas que, no século XXI, também se arvoram pelo viés do mundo virtual-modulado (internet; redes sociais; câmeras de vigilância); 3 – o aparecimento dos dispositivos de precarização-rarefação da vida/subjetividades (a exemplo, mencionem-se os diversos aplicativos/apps que pretendem “dinamizar” o mundo do trabalho contemporâneo) pelo registro tecno-informacional; 4 – finalmente, a intersecção entre a vida, a constituição de subjetividade e os panoramas biopolíticos, operacionalizados a partir das chamadas governamentalidades digitais, ou governamentalidades 2.0, contemporâneas. É desta forma que tais sujeitos contemporâneos têm suas subjetividades sempre constituídas e enviesadas por meio da internet: a partir de clicks, likes ou dislikes. Foucault diagnostica, em Nascimento da Biopolítica (1979), que um dos principais traços de constituição de subjetividade contemporânea seria o do homo oeconomicus, isto é, do sujeito que segue o balizamento neoliberal/biopolítico de produção/produtividade intensa da e na vida. O neoliberalismo, enquanto arte de governar e conduzir subjetividades, elevou seus panoramas biopolíticos, bem como, suas agendas de produtividade, com tais avanços tecno-virtuais-digitais. Nossa tese é de que o homo oeconomicus agregou nova face sob os arredores das circunstâncias tecnoinformacionais atuais, sendo dinamizado e potencializado no tempo da internet
Vida Por um Click: Governamentalidade Algorítmica e Produção de Subjetividade na Internet, A
Felipe Sampaio de Freitas
Orientador(a)
Roberto de A. P. Barros
Flávia Cristina Silveira Lemos
Flávia Cristina Silveira Lemos
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2023