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“Vergonhosas Saturnais”: A Experiência Prostibular em Belém do Pará (1900-1945)

2 de Abril, 2025 . Teses Luiza Helena Miranda Amador

Nesta tese analiso os discursos médicos, higienistas, jurídicos e policiais sobre prostituição em Belém no período de 1900 a 1945, e como as meretrizes foram protagonistas e ativas diante desses mecanismos de controle. As meretrizes que circularam na Belém republicana e moderna, viveram num espaço socioeconômico e culturalmente diverso, urbe de códigos, regras e símbolos influenciados pela Belle Époque, período que a prostituição ganhou maior visibilidade, antes reclusa aos atendimentos privados, a prostituta passou a se expor nas ruas, boulevards e cafés. A partir dos discursos sobre prostituição apresento as mudanças culturais e a implantação de novos códigos e regras de comportamento. A chegada das mulheres estrangeiras e nacionais na Amazônia. As discussões e narrativas sobre os “tráfico de brancas” e a cruzada contra o caftismo. Através dos processos crimes de lenocínio que os donos de pensões e bordéis responderam, exponho como o mundo prostibular era rentável e contribuiu para a economia da cidade. Como agiram médicos, higienistas e poder público na tentativa de implantar medidas higiênicas e disciplinadoras nas habitações das meretrizes. Apresento os casos de infanticídios e abortos cometidos pelas meretrizes e de que maneira elas foram julgadas e seus atos exibidos para a sociedade. As estratégias das mulheres diante de uma gravidez indesejada. Discuto a institucionalização da medicina em Belém e quais os pensamentos médicos sobre o corpo feminino. Descrevo a chegada dos serviços da Profilaxia das Doenças Venéreas dentro do contexto do sanitarismo. A preocupação dos médicos com as meretrizes definidas como as grandes responsáveis pelos “mal venéreo”. As medidas de regulamentação da prostituição e as iniciativas de controlar e fixar as mulheres em determinado local para somente lá exercerem o meretrício. Abordo os discursos pautados na moralidade e como as meretrizes não se deixaram intimidar por mais esse recurso que tentava frear a venda de sexo e suas liberdades de ir e vir na cidade. Evidencio o uso do álcool pelas meretrizes e como a embriaguez foi utilizada pelo aparato judicial para encarcerar e controlar as prostitutas. Por fim, conto um pouco da vida afetiva das meretrizes, seus amores, paixões e as violências que sofriam, por não preencherem o modelo/padrão desejado de mulher.

Autor(a)

Luiza Helena Miranda Amador

Orientador(a)

Marcio Couto Henrique

Curso

História

Instituição

UFPA

Ano

2022