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Socialidades e Sensibilidades no Quotidiano da Feira do Guamá: Uma Etnografia das Formas Sociais do Gosto.

9 de Abril, 2025 . Teses Marina Ramos Neves de Castro

Este trabalho reflete sobre a experiência social do gosto, a partir de uma etnografia realizada na feira do Guamá, em Belém, estado do Pará, na Amazônia brasileira. Procurou-se compreender a construção social dos sentidos e do gosto como vetor de sensibilidades e de socialidades em uma feira. Busca-se fazer uma prospecção das formas do gosto presentes nesse espaço, prospeccionando e compreendendo as sensorialidades partilhadas pelo grupo. O trabalho privilegia uma percepção antropológica do fenômeno social do gosto e dos sentidos, na feira. Nesse percurso, utiliza-se as noções de sociação, socialidade e formas sociais, de G. Simmel (2006), de traço, de J. Derrida (1994); de sensorial, de Merleau-Ponty (1945; 1964) e Ingold (2006). Em termos metodológicos, utilizou-se a perspectiva etnográfica de M. Peirano (1995; 2006); a perspectiva de uma fenomenologia baseada em M. Merleau-Ponty (1945) e em A. Schutz (2012); a etnografia sensorial, baseada em S. Pink (2012); a antropologia dos sentidos baseada em D. Le Breton (2017), em D. Howes (1991, 2013), em C. Classen (1993); a antropologia modal desenvolvida por F. Laplantine (2017); a antropologia urbana de Velho (2003, 2006); e da antropologia interpretativa a partir da perspectiva de C. Geertz (1989); J. Clifford (1991); S. Tyler (1991). Procurou-se, em síntese, uma compreensão das sensorialidades que envolvem a experiência dos sentidos e do gosto nos processos de socialidades e sensibilidades na feira. Os resultados principais alcançados com esta tese consistiram nas constatações de que: a) o fenômeno do gosto não pode ser reduzido à condição de um simples prazer estético, ou enquadrado em categorias pautadas pelos conceitos hegemônicos de beleza, ideal, perfeição e até mesmo, em alguns casos, racionalidade; b) os sentidos e o gosto são constructos sociais produzidos contextualmente pela experiência social sensível; c) essas sensibilidades seriam formas sociais (Simmel, 2006), presentes no universo da feira; d) o gosto consiste numa forma de expressão que evoca a capacidade de entendimento sensível do homem em relação ao seu entorno, à sua experiência e vivência. Assim, o gosto consistiria na capacidade de resposta do indivíduo a essas vivências e experiências que o indivíduo dá-se a si e ao mundo, no seu processo de interação social.

Autor(a)

Marina Ramos Neves de Castro

Orientador(a)

Fabiano de Souza Gontijo

Curso

Antropologia

Instituição

UFPA

Ano

2018