Esta Dissertação intenciona, entre outros aspectos, discutir a realidade da educação formal modular na Amazônia pela perspectiva do cotidiano escolar de Vila Cristal no município de Viseu-Pa. O objeto de estudo em curso trata-se da educação escolar que se projeta substancialmente por intermédio das versões que se transmutam em interfaces com a cultura vivida dosdas estudantes do Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) naquela comunidade. Tem-se por objetivo principal compreender, nas interfaces dos substratos do cotidiano, em especial o escolar, de Vila Cristal de que forma têm sido constituídas as composições entre a educação escolar no SOME e a cultura vivida dosdas estudantes que fazem parte desse sistema de ensino. Para isso optou-se por incursionar a essa realidade pelos meandros das existências que reverberam na escola em forma de ações e expressões, as quais se condensavam através da cultura vivida dos sujeitos que são estudantes, e cujos ecos também se infiltram pelo cotidiano escolar, fazendo com que este passe a representar um todo que se projeta em um terreno fluido e de muitas interpretações. Por conta disso seu desvendamento exigiu um tatear paciente, já que em cada manifestação desse cotidiano poderia emergir um elemento, que destituído de qualquer pressuposição, a priore, seria capaz de revelar outras inteligibilidades sobre o contexto escolar nodo SOME, sobretudo no que concerne a Vila Cristal. Utilizou-se como cernes teóricos na discussão sobre cultura e cultura vivida principalmente Williams (1992, 2015), Berger e Luckman (1978), Fourquin (1993) e Paixão (2007, 2015), para tratar das categorias cotidiano e cotidiano escolar, Certeau (2012, 2014) e Pais (2003), ainda Martins (1992), Merleau-Ponty (1999), Husserl (2008) e Capalbo (1990) para demarcar o posicionamento fenomenológico que permeia esse estudo. A pesquisa é qualitativa incursionada por meio de portes etnográficos feitos na comunidade de Vila Cristal e na escola municipal onde acontecem as aulas do Sistema Modular de Ensino. Foram interlocutores da pesquisa os próprios sujeitos estudantes e uma egressa. A técnica de coleta de dados utilizada constitui-se em uma compilação entre a observação participante e entrevistas semiestruturadas do tipo aberta ou em profundidade. Os dados coletados foram refinados, analisados e interpretados com base no método fenomenológico. Os registros foram realizados através de diários de campo, gravações e fotografias. Os resultados sobre a realidade que comporta a educação escolar no SOME em Vila Cristal, em interfaces com a cultura vivida dos estudantes, apontaram à primordialidade de se religar as dimensões formais e vividas na formação escolar, uma vez que naquele contexto as manifestações que partem das vivências tem se mostrado secundarizadas, constatou-se ainda a imprescindibilidade de se criarem convergências, na formação escolar em Vila Cristal, que possam superar a ambivalência entre as demandas do mundo da vida comum cotidiana e o mundo do trabalho; a esperança figurou como um potente campo ontológico de onde tem sido projetadas formas de autonomia capazes de fomentar projetos individuais e coletivos; a possibilidade de continuidade nos estudos em nível superior, bem como a proposição de sua oferta em sistema de itinerância despontou como contingência derivada das necessidades cotidianas dos estudantes e por fim o currículo formal, em rotas insurgentes pela cultura vivida, aparece como uma aposta exitosa para se reorganizar as fronteiras de negociação nos territórios da educação formal modular, que passaria a ser projetada em uma região de confluência entre os saberes formais e vividos.
Sistema de Organização Modular de Ensino um Estudo sobre as Interfaces entre a Cultura Vivida e o Cotidiano Escolar em Vila Cristal-Viseu/PA, O
Viviane Silva Pereira
Orientador(a)
Carlos Jorge Paixão
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2020