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Ser Portadora de HIV/AIDS: Reflexões sobre Sexualidade Feminina e Ideias de Eu

17 de Abril, 2025 . Dissertações Alessandro Melo Bacchini

Na década de 1980, o Brasil passou a enfrentar o HIV/Aids como um problema de saúde pública e em seu desenvolvimento, chegando aos dias atuais, presencia-se um crescimento constante de mulheres infectadas especialmente na região norte do país. Com esse crescente número sobe também a parcela de mulheres vivendo com a enfermidade, o que torna necessário uma maior atenção voltada a essa população que sofre por uma doença não somente mortífera, mas carregada de enigmas e estigmas que a tornam um fardo ainda maior. Para tanto, recorre-se à psicanálise como teoria fundamental e como possibilidade para o sujeito em reunir recursos de enfrentamento. Dentro desta, deve-se realizar um percurso que possibilite pensar no fragmento de caso clínico estudado a partir do atendimento de Helena, pois ela fornece inúmeros questionamentos acerca da mulher, do feminino e dos ideais de Eu presentes na cultura ocidental e que são fundamentais ao entendimento do que ela carrega como sofrimento. No entanto, antes de se chegar a este ponto, deve-se levar em consideração os limites e possibilidades relacionados à escuta ao paciente internado. Este trabalho de dissertação foi realizado com o método de estudo de caso, desenvolvido a partir da experiência como pesquisador no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) nos anos de 2008 a 2010. Foram realizados atendimentos individuais e com familiares especificamente na enfermaria de DIP (Doenças Infecto-Contagiosas e Parasitárias) que realiza atendimento voltado fundamentalmente para pacientes usuários do SUS, internados por enfermidades como: tuberculose, pneumonia, etc., que, em geral, representam as chamadas “doenças oportunistas” para o vírus do HIV/Aids. A partir desse quadro, chega-se à construção do problema de pesquisa: Qual a relação entre os Ideais-de-Eu e o sofrimento psíquico em Helena, uma mulher infectada pelo HIV/Aids? Como considerações finais, discutiu-se a relação entre os ideais de Eu fornecidos em nossa cultura para as mulheres, uma vez que estes são formadores do Supereu, e o grande sofrimento relatado por Helena, pois ela parecia não adotar os padrões relacionados à mulher ocidental, e portanto, carregava uma culpa que somente um movimento regressivo em direção aos cuidados maternos da tenra infância, voltados a uma vida de abstinência aos prazeres e de zelo pelos ditames religiosos poderiam fornecer acalanto para suas angústias e redenção para seus pecados.

Autor(a)

Alessandro Melo Bacchini

Orientador(a)

Ana Cleide Moreira

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2012