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Sem Ti… Saudades: Uma Compreensão Sobre Realização de Valores no Luto Parental que Desvenda a Proposta de Cuidado

15 de Abril, 2025 . Teses Karla Maria Siqueira Coelho Aita

Estudos apontam que a morte de um(a) filho(a) amado(a) tende a causar sofrimento intenso, expresso por meio de valores e crenças, assumindo múltiplas configurações. Além disso, o significado da perda poderá ser mediado através da cultura, sociedade, religião, espiritualidade. Esta pesquisa propõe compreender a autotranscendência, o encontro autêntico e a realização de valores no luto parental por aqueles que cumprem com sua orientação ontológica para o sentido (Frankl, 2014, 2016). Nesta perspectiva, objetiva-se apresentar e defender uma proposta de cuidado aos pais e mães enlutados, tecida enquanto atividades grupais que possam estimular as manifestações do pesar, a entreajuda entre seus membros, assim como a realização de valores criativos, vivenciais e atitudinais, os quais possibilitam, segundo Viktor Frankl, o encontro de sentidos. Na busca por bases teóricas que ancorem o pensar sobre a clínica do luto parental, são apresentados os recortes dos diálogos da pesquisadora com a obra do professor Viktor Emil Frankl (1978, 1987, 1989, 1990, 2005, 2007, 2010, 2014, 2016, 2019a, 2019b, 2021, 2022) e com seus interlocutores Elizabeth Lukas (1989a; 1989b); Ivo Studart Pereira (2008, 2013, 2015, 2017, 2021), dentre outros. Também foram considerados os resultados dos estudos que se ocuparam em compreender a experiência do processo de luto dos pais conforme proposto por Parkes (1998, 2009); Bromberg (2000); Franco (2002, 2010, 2021); Shear et al. (2011); King (2015); Delalibera et al. (2017); Coughlin e Sethares (2017); Freitas (2018); Casellato (2020); Frankl (1989, 2014, 2016, 2005, 1978, 1990, 2003, 2007, 2008, 2010), os fundamentos teóricos referentes à Teoria do Apego desenvolvida por John Bowlby (1997, 1998, 2002) e as Tarefas do luto propostas por Worden (2013). No desenvolvimento do estudo, as reflexões avançam em direção à visão de homem proposta por Frankl, compreensão da vontade de sentido e apreensão da relação dialógica entre liberdade de vontade e vontade de sentido frente à travessia do luto, na qual o sentido no seu aspecto autoral desafia a liberdade humana em direção ao dever-ser. Por fim, defende-se um proposta de cuidado aos pais, na modalidade grupal, para deslindar interações entre percursos individuais, processos coletivos e o luto parental, nas quais os recursos a serem produzidos/partilhados, entre esses, objetos, símbolos, artefatos, palavras, escritas, sons, afetos etc., constituem o corpus da referida proposta. Destacam-se intervenções voltadas a estimular a realização de valores, a construção do “Mural da esperança”, a amplitude do cuidado no luto parental, assim como as possibilidades de significar as perdas e desvelar sentidos. A partir do pensamento frankliano, pode-se compreender que a presença da morte no ciclo vital assinala a premência em responder aos desafios e indagações colocados pela vida, em fluxo contínuo e assegurar no ser-passado (destino realizado), a existência da parentalidade frente à saudade.

Autor(a)

Karla Maria Siqueira Coelho Aita

Orientador(a)

Airle Miranda de Souza

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2023