Este estudo aborda as representações sociais sobre crianças e infâncias presentes em teses e dissertações da Amazônia. O objetivo principal desta investigação consiste em: apreender as representações sociais sobre crianças e infâncias em teses e dissertações de programas de pósgraduação em educação da Amazônia, que desenvolveram pesquisas com crianças. O campo teórico desta tese tomou como suporte o seguinte tripé: representações sociais, crianças e infâncias e pesquisas com crianças. O primeiro campo teórico se apoia em autores como: Moscovici (2003), Nascimento (2014), Jovchelovitch (2014) e Marková (2017). O segundo campo teórico toma como base principalmente: Bujes (2000, 2002); Quinteiro (2002); Faria, Demartini e Prado (2009); Corsaro (2011); Del Priore (2010); Ariès (2014); Qvortrup (2014, 2015) e Sarmento (2005, 2013, 2015). O terceiro campo teórico se sustenta especialmente em: Soares; Sarmento; Tomás (2005); Mullër; Redin (2007); Müller; Carvalho (2009); Carvalho; Müller (2010); Lee (2010); Agostinho (2010); Filho; Barbosa (2010) e Fernandes (2016). Trata-se de um estudo de tipo bibliográfico, com abordagem qualitativa. Constitui o corpus de análise 2 teses e 20 dissertações cadastradas no Banco de Teses e Dissertações da Capes. Para a análise de dados, utilizou-se técnicas da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), que envolveram as etapas de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Nesse processo de análise identificamos sentidos sobre crianças e infâncias, a partir dos quais apreendemos objetivações e ancoragens que compõem as representações sociais sobre crianças e infâncias presentes nas produções analisadas. Os resultados revelaram sentidos sobre crianças e infâncias, elencados da seguinte forma: 1) sentidos sobre infância: infância como construção histórica, social e cultural; infância como categoria social do tipo geracional; infância como um tempo de vida individual; 2) sentidos sobre criança: criança como ator social; criança como sujeito de direito; brincadeira e imaginário como elementos essenciais para as crianças; 3) sentidos sobre crianças da Amazônia: as crianças da Amazônia estão imersas em atividades cotidianas; o ambiente natural é elemento marcante no cotidiano das crianças; a vida das crianças é permeada por aspectos universais e singulares. Com base nesses sentidos, apreendemos as seguintes objetivações e ancoragens sobre crianças e infâncias: a infância tem imagem de estrutura social permanente, ancorada no sentido de categoria social do tipo geracional, a imagem individual, ancorada no significado de tempo de vida individual vivido pelo sujeito e a imagem de diversidade, ancorada nas mudanças pelas quais perpassam as infâncias tanto na perspectiva estrutural como individual; as crianças são caracterizadas pela imagem de ator social, ancorada na agência delas sobre o mundo e a imagem de sujeitos plurais, que denota que as crianças vivem de forma específica a infância, convivem em uma multiplicidade de contextos sociais e apreendem os mais diversos elementos sociais decorrentes de seus contextos de vida e de outros contextos com os quais estabelecem relações. Frente a essas imagens sobre crianças e infâncias, sustenta-se a tese de que os autores das produções analisadas, ao desenvolverem pesquisa com crianças, têm representações sociais sobre crianças e infâncias sustentadas na valorização social das mesmas. Reconhecem o protagonismo das crianças e a notoriedade das infâncias no mundo social.
Representações Sociais sobre Crianças e Infâncias em Teses e Dissertações da Amazônia
Mariléia Pereira Trindade
Orientador(a)
Ivany Pinto Nascimento
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2019