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Quem Não Pode Morder Não Mostra os Dentes: Modernistas e Antropofágicos Entre São Paulo e Belém do Pará nos Anos 1920

1 de Abril, 2025 . Teses Heraldo Márcio Galvão Júnior

Esta tese tem por objetivo central analisar histórico-comparativamente o modernismo paulista e o modernismo paraense para compreender de que maneira o primeiro, essencialmente via o movimento antropofágico, se apropriou de uma ideia de Amazônia enquanto berço histórico, econômico, político e de tradições brasileiras. Os principais pontos mais conhecidos de entrada da Amazônia no modernismo ocorrem via Mario de Andrade, com Macunaíma, e via Raul Bopp, com Cobra Norato, isto é, por um viés relacionado ao folclore e lendas. Talvez por um excesso de cristalização ou uma miopia historiográfica, pouco se tem falado ou pensado sobre a participação de autores paraenses na construção da antropofagia e sobre a inserção da Amazônia via Oswald de Andrade a partir de sua genealogia e reminiscências, fatores que podem ter contribuído sobremaneira para a construção do movimento antropofágico e criação da Revista de Antropofagia. Nessa revista, além de haver menções à Amazônia relativas à natureza, folclore e indígenas, há a presença de autores provenientes do modernismo paraense que fogem das características regionais fundamentalmente idílicas, edênicas ou exóticas e trazem questões históricas, políticas, sociais e culturais a partir de uma perspectiva modernista e de devoração antropofágica, tornando-se um grande eixo interpretativo e de leitura do que seriam as tradições nacionais. Nesse processo de (re)descoberta da nação, a ativa participação de paraenses como Abguar Bastos, Oswaldo Costa, Clóvis de Gusmão e Eneida de Moraes geraram campos de estudos que versaram sobre revisionismo histórico, arte brasileira, religiões populares, folclore, legislação, comunismo primitivista, normatização do comportamento feminino, entre outras questões que formariam um ethos verdadeiramente nacional. A formação de um Clube de Antropofagia do Pará, com centralidade no jornal O Estado do Pará, foi importante para discussões e delineamento do movimento antropofágico nacional sob a perspectiva regional. Dessa maneira, não há como falar em modernismo brasileiro sem considerar a Amazônia na medida em que, além das discussões regionais sob um prisma nortista, entre os próprios modernistas paulistas o ângulo de leitura do país passava pelo interior do Brasil, isto é, a Amazônia possui centralidade como campo de visão da antropofagia brasileira.

Autor(a)

Heraldo Márcio Galvão Júnior

Orientador(a)

Aldrin Moura de Figueiredo

Curso

História

Instituição

UFPA

Ano

2020

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