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Quando Amor e Dor Irrompem na Alma: Trabalho, Prazer e Sofrimento Entre Trabalhadoras e Trabalhadores do Ensino Superior em uma Universidade na Amazônia

14 de Abril, 2025 . Teses Anaclan Pereira Lopes da Silva

A presente tese visa analisar, a partir da Teoria da Psicodinâmica do Trabalho e diante do cenário de transformações no mundo do trabalho que afetam o serviço público brasileiro, como os fatores da organização do trabalho em uma universidade pública na Amazônia, reverberam em prazer e sofrimento na categoria de trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos que possuem o vínculo de concursadas/os ou de temporárias/os na instituição. Trata-se de uma pesquisa calcada na teoria da Psicodinâmica do Trabalho, de caráter qualitativo, em que foram realizadas sete entrevistas semiestruturadas com servidoras e servidores da Universidade do Estado do Pará (UEPA), sendo quatro mulheres e três homens, dos diferentes tipos de vínculo citados. Tal interesse de pesquisa se originou do trabalho da pesquisadora na universidade alvo da pesquisa como psicóloga, tendo sido responsável pela constituição de um serviço de atendimento psicossocial para as/os servidoras/es da IES. Foram analisadas nas entrevistas as categorias fundamentais da teoria da Psicodinâmica do Trabalho, tais como: organização do trabalho, prazer e sofrimento no trabalho, estratégias de defesa individuais e coletivas, mobilização subjetiva e reconhecimento no trabalho. Notamos que a organização do trabalho está intimamente relacionada ao setor no qual a/o servidora/or trabalha, assim como com seu tipo de vínculo, variando a divisão do trabalho e das pessoas que exercem as atividades laborais, de acordo com esses fatores. As estratégias de defesa são utilizadas para tornar o sofrimento no trabalho mais ameno e no contexto pesquisado o brincar e o debochar são as estratégias de defesa mais comuns. O prazer e o sofrimento no trabalho compareceram e tiveram leituras singulares para cada servidora/or, no entanto percebemos que as servidoras expuseram mais nitidamente seus dissabores no trabalho, ao contrário dos servidores, que procuraram relativizar os elementos negativos de suas atividades laborais, expondo assim uma diferenciação de gênero. A mobilização subjetiva para o trabalho variou em termos da formação acadêmica das/dos entrevistadas/os com relação ao cargo que exercem – alta formação acadêmica versus baixos requisitos do cargo redundou em baixa mobilização subjetiva, assim como quando da ocorrência de desvalorização no desempenho de suas atividades laborais. A alta mobilização subjetiva esteve atrelada à um alto reconhecimento no trabalho. O reconhecimento no trabalho foi um fator de divisão de opiniões. Enquanto algumas servidoras e alguns servidores sentiamse reconhecidas/os no trabalho, outras/os sentiam-se desvalorizadas/os, seja pela baixa remuneração, como pelo desmerecimento de suas opiniões. Servidores temporários tenderam a sentirem-se mais reconhecidos e satisfeitos com seu trabalho. O tema da precarização do 15 trabalho no serviço público foi o pano de fundo das opiniões expostas nas entrevistas e no caso das/dos trabalhadoras/es com vínculos precários (temporários), o fato de estar empregada/o e ter uma remuneração, já é um benefício para elas e eles. Em resumo, o trabalho no serviço público brasileiro vem sofrendo ataques e precarizações, porém os trabalhadores encontram nele caminhos de sobrevivência, prazeres e dissabores que precisam ser discutidos, em busca da construção de um espaço mais igualitário e propiciador de saúde mental. O presente trabalho se propõe a ser uma contribuição neste sentido.

Autor(a)

Anaclan Pereira Lopes da Silva

Orientador(a)

Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

Laura Soares Martins Nogueira

Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2017