Este estudo compreende a participação indígena na Cabanagem. A partir de uma narrativa histórica, esta tese se propõe a entender a guerra cabana que se fez nos sertões da Amazônia partir do protagonismo indígena em torno das ações de três etnias, os Mura, os Munduruku e os Mawé. Habitantes e senhores de uma imensa área, interflúvio dos rios Madeira, Tapajós e Amazonas, estes indígenas imprimiram suas marcas culturais, com suas artes de guerra e interesses próprios, conduzindo as batalhas cabanas no interior da província para rumos cada vez mais radicalizados, conformando seu território em um Quadrilátero Cabano. Por meio de um conhecimento ancestral da floresta, os indígenas souberam atuar de forma imperativa, determinando, em grande medida os avanços e reveses da luta cabana. Nesse sentido, dentro de um arranjo cronológico, a tese desenvolve sua narrativa sustentando seu principal argumento que, a Cabanagem perdurou tanto tempo, levando a um processo de difícil resolução por seu nível de radicalização pela efetiva participação indígena. Ao longo dos oito capítulos a tese se fundamenta, mostrando como as ações indígenas a partir da segunda metade do século XVIII, mas sobretudo 1790, e nas duas primeiras décadas do século XIX, passaram por um processo de reelaboração quanto às suas formas de se contrapor ao projeto colonial. Desse modo, na década de 1830, por uma radicalização de suas ações, romperam com as vias institucionais para a resolução de suas questões, decidindo-se pela luta armada, protagonizando-se na guerra civil que se instalou no Grão-Pará. Utilizando-se do método do paradigma indiciário e a metodologia da Etno-História, localizamos por meio dos vestígios deixados na documentação a evidência indígena nas Cabanagens que se fizeram nos sertões da Amazônia.
Quadrilátero Cabano e as Cabanagens nos Sertões da Amazônia: Guerra, Índios, Rios e Matas (1790-1841),O
Leticia Pereira Barriga
Orientador(a)
Magda Maria de Oliveira Ricci
Curso
História
Instituição
UFPA
Ano
2023