Já fora comprovado em várias línguas naturais, inclusive no Português Brasileiro (PB), que há uma forma padronizada de agrupar os números nominais. Logo, essa pesquisa, que realiza uma investigação acústica e perceptual do nível prosódico da língua, preocupou-se em verificar se há variação dialetal em relação a esse agrupamento no PB, replicando a mesma investigação feita por Musiliyu (2014) e Almeida (2017) na variedade nordestina para, posteriormente, comparar os tais resultados com os obtidos na variedade de Belém. Foram analisados os agrupamentos contidos nos documentos oficiais, especificamente, o Registro Nacional de Condutores Habilitados (RENACH) e Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). O corpus compreende 40 números de documentos, sendo 20 de CPF e 20 de RENACH. Nesta dissertação são apresentados os resultados advindos da análise dos dados de 100 participantes estratificados em faixa etária: 18-30 (faixa etária I) e maior de 30 anos de idade (faixa etária II) e; sexo (50 mulheres e 50 homens). As hipóteses de investigação para essa pesquisa foram: 1) se os dados oriundos de Belém corroboram o padrão identificado por Musiliyu (2014) e Almeida (2017) a partir dos dados de Maceió e Recife, respectivamente; 2) se há variação dialetal no padrão prosódico de agrupamentos numéricos no PB; 3) se há variação dialetal referente à faixa etária e sexo. Metodologicamente, durante a coleta de dados, os números foram apresentados aos participantes da pesquisa aleatoriamente com a utilização de um slide show com intervalo de 7 segundos. Cada locutor produziu 6 vezes cada sequência numérica para selecionarmos as 3 melhores repetições de cada dado (CRUZ et all, 2012), gerando um corpus para análise de 12000 sequências numéricas (40 números de documentos x 100 informante x 3 melhores repetições). Aplicam-se aqui os procedimentos adotados por Musiliyu (2014) e Almeida (2017), que são: a) isolamento das repetições em arquivos individuais; b) segmentação no programa Praat; d) identificação das categorizações numéricas e decimais; e) teste de concordância, utilizando o coeficiente Kappa Fleiss e f) identificação das distribuições entoacionais, por meio da aplicação dos scripts scripts MOMEL/INTSINT (HIRST,2007) e ProsodyPro (XU,2012) for software Praat versão 5.3.53 (BOERSMA; WEENINK,2013). O trabalho realiza uma análise comparativa dos resultados obtidos com os de Almeida (2017) e conclui que existe um padrão prosódico em relação aos agrupamentos dos números nominais de CPF nas variações estudadas, tanto em referência às estratégias de distribuições numéricas e decimais quanto à descrição do contorno entoacional de cada unidade prosódica, o que comprova a primeira hipótese dessa pesquisa. Sendo 3-3-3-2, UUU(1)-UUU(2)-UUU(3)-UU(4) e MUDU(1), MUDU(2), MUDU(3), MUB/D(4), respectivamente. Comportamento notado igualmente para os números de RENACH. Quanto à segunda hipótese, que trata da variação dialetal do padrão prosódico de agrupamentos numéricos no PB, não se confirma, visto que não se verificou mudanças entre as variedades estudadas. Da mesma forma, como não houve variação dialetal referente à faixa etária e sexo.
Prosódia da Sequência Numérica dos Documentos Oficiais de CPF e RENACH dos Falantes do Município de Belém, A
Juliana de Amorim Marques
Orientador(a)
Regina Célia Fernandes Cruz
Curso
Letras
Instituição
UFPA
Ano
2019