O consumo de bebidas alcoólicas adquire relevância crescente por tornar-se uma das principais causas de mortalidade entre os indígenas no Brasil. A produção científica sobre os modos de consumo de álcool entre os indígenas é insipiente, configurando-se insuficiente para dar sustentabilidade a políticas que privilegiem a diversidade cultural. Este estudo levantou esta questão emergente da ordenação social entre os Tembé Tenetehara de Santa Maria do Pará, em uma perspectiva de interdisciplinaridade, conjugando as concepções da Teoria Compreensiva em abordagem hermenêutica e dialética com procedimentos metodológicos da Teoria da Comunicação. As várias situações e discursos analisados configuram uma polissemia de vozes e de sentires em ambiguidade que percorrem do encontro com o prazer, à resultância do sofrer. Um cruzamento interdisciplinar que triangulou os discursos elencados, os dados de um mapeamento em saúde e as observações dos efeitos biológicos, sociais e culturais dos regimes etílicos agenciados neste grupo, compôs a análise final. Apesar dos efeitos desastrosos resultantes do apagamento que o contato interético impôs aos Tembé Tenetehara de Santa Maria, a possibilidade de uma ‘resistência’ desenha atualmente, uma modalidade característica no processo de alcoolização neste grupo étnico, que de maneira geral, convive com um relativo equilíbrio em suas formas de beber, não se referindo ao uso de bebidas alcoólicas como problemático para a comunidade, exceto para alguns indivíduos mais idosos e eventualmente para os jovens. Os padrões e carreiras alcoólicas criados em cada grupo étnico, induzem a compreensão da cultura como algo que tanto condiciona, compele e constrange, quanto algo que se inventa, cria e se improvisa e que imprime a diversidade, caracterizando ‘o beber’ em cada grupo, única e diversa de qualquer outro.
Prazer e Padecer: A Alcoolização Entre os Tembé Tenetehara de Santa Maria do Pará
Telma Eliane Garcia
Orientador(a)
Jane Felipe Beltrão
Curso
Antropologia
Instituição
UFPA
Ano
2015