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Porto, Água e Vida: Paisagem, Sensorialidades e Transformações de uma Zona Portuária Amazônica (Cidade Velha, Belém, Pará)

11 de Abril, 2025 . Dissertações Sabrina Campos Costa

A Amazônia é um complexo sistema de rios e águas. Na capital do Pará, 14 bacias hidrográficas são conectadas por 85 canais. Moradores das margens dos rios em Belém são considerados ribeirinhos urbanos, que, pelas condições de assentamentos informais significam para a política urbana pessoas pobres que precisam adquirir dignidade e qualidade de vida. Na história de gestão da cidade, onde 40% dos moradores vivem em áreas de baixada, seu modo de vida é associado à criminalidade, vulnerabilidade ambiental, sem arquitetura ou expressão cultural expressiva; apesar disso, formalmente são espaços de contato com o rio, pensados e recriados para o turismo e contemplação. Esta pesquisa procurou demonstrar que a paisagem é uma das formas de relacionamento do ser humano com o mundo, a partir do estudo da antiga zona portuária da Cidade Velha, situadas no entorno do Mercado do Porto do Sal e Igreja do Carmo, que possui as comunidades do Beco do Carmo, Beiradão, Menino Jesus, Porto do Sal e Palmeira; memórias e evidências do Porto Beiradão, Porto São Jorge, Porto do Sal, Porto Paysandu, Porto Vasconcelos, Porto do Alan, Porto Brilhante e Porto Palmeira. Paisagem que se constrói de manipulações e transformações do meio físico, pela experiência do afeto, da memória e da vivência pelo corpo, uma identidade pessoal e grupal, que cria camadas de registro arqueológico. O objetivo nesta pesquisa foi a compreensão das formas de organização, adaptação e sociabilidades na antiga zona portuária da Cidade Velha, tendo como foco analítico a produção material humana e as transformações da paisagem. O Porto do Sal foi registrado como um dos mais antigos de Belém. Sua história está ligada ao primeiro estaleiro da colônia, e sua vida aos produtos do interior, fábricas e comércios. Por duas vezes o Porto do Sal foi planejado para ser o principal porto de Belém, contudo acabou entrando em declínio com a abertura de estradas e ao longo dos anos, mais de 1.000 famílias, com criatividade e tecnologias sociais se tornaram moradores da orla e das estruturas de seus antigos trapiches, marcos do que eu chamei de “beirabilidade”, que nos convidam a repensar sua paisagem, cultura material, potências e inteligibilidades.

Autor(a)

Sabrina Campos Costa

Orientador(a)

Renata de Godoy

Curso

Antropologia

Instituição

UFPA

Ano

2019