Com destaque às reverberações da interlocução entre literatura e psicanálise e suas possíveis transmissões, este trabalho objetivou analisar o fenômeno do infamiliar a partir de Freud e Lacan pela via do percurso da voz narrativa da protagonista no romance A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector. Nessa direção, será apresentado o percurso de investigação e análise dos autores psicanalíticos acerca do fenômeno estudado, evidenciando as especificidades da literatura lispectoriana para tal investigação. Este estudo se deu a partir de uma pesquisa teórica em psicanálise, de cunho bibliográfico, seguindo a linha de orientação do método investigativo e interpretativo psicanalítico. De certo, o fenômeno do infamiliar aponta para algo vultoso à experiência psicanalítica. Assim, considerando o campo estético, apreender pela via do discurso narrativo na escrita literária o que se apresenta nele como efeito de uma manifestação psíquica e o que transcende tal ponto amplia o leque de possibilidade de investigação. Portanto, o ensaio apresentado como resultado trouxe importante material para a comunidade acadêmica, psicólogos e psicanalistas por tratar-se de dois campos discursivos em que tal dialética contribui para o avanço no que concerne a importância da literatura para a psicanálise e sua metapsicologia, destacando as construções de Freud e os avanços teóricos acerca da temática apontados por Lacan a partir de sua releitura do autor. Dessa forma, com a leitura-escuta da narrativa da personagem G. H., consideramos que o fenômeno do infamiliar aparece em diversos fragmentos, apontando a presença do retorno do recalcado com Freud e o encontro com o Real a partir de Lacan, com destaque à barata como objeto central para a emergência de tais acontecimentos.
Paixão Segundo G. H. e o Infamiliar: Uma Experiência de Vertigem, A
Priscila dos Santos Pereira Cardoso
Orientador(a)
Breno Ferreira Pena
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2022