Trata-se de um estudo acerca da Antropologia Forense no Estado do Pará no período de 1999 a 2015. A pesquisa foi realizada na Coordenação de Odontologia Legal e Antropologia Forense do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves no Estado do Pará. Foram analisados 124 laudos de pericias antropológicas em corpos completamente esqueletizado buscando identificar, a partir desses laudos, o percurso histórico e metodológico dessa área de atuação, as metodologias praticadas e o perfil bioantropológico do material periciado. Desse universo amostral apenas 89,51% do material recebido pelo COLAF foi identificado como humano, todavia, só houve estimativa positiva para sexo, idade à morte e estatura em 55,86%, sendo a ausência de ossos um dos maiores problemas detectados para uma construção completa de perfil bioantropológico. Outra questão identificada é que só há peritos para realizar exame antropológico em corpos esqueletizados no COLAF em Belém, o que torna obrigatório que todas as demandas para Antropologia Forense sejam realizadas exclusivamente na sede do Centro de Pericias Cientifica Renato Chaves. Destaca-se ainda que as condições estruturais para a realização desse tipo de perícia são precárias, uma vez que, não há laboratório especifico para esse fim. Para contextualizar a Antropologia Forense Paraense no cenário nacional foi realizado um diagnóstico da situação da antropologia forense no Brasil através de aplicação de questionários enviados a todos as instituições periciais brasileiras. Apenas 88, 89% das instituições periciais responderam o questionário, e os dados revelaram que a Antropologia Forense não está institucionalizada em todas as instituições periciais brasileiras. Além disso, há baixos índices de peritos nessa área com média de 2,5 peritos para cada Estado; apenas 62,5% dos estados possuem laboratórios específicos, sendo que a região Nordeste é a que apresenta o menor índice de laboratórios com 28,18%. No contexto da formação e atuação desses profissionais, identificou-se que 40,90% dos peritos não possuem cursos específicos em Antropologia Forense com equipes disciplinares, prevalecendo peritos com formação em medicina e ou odontologia. Tal estudo torna-se relevante, pois permite que se crie um ambiente de reflexão e desenvolvimento da Antropologia Forense no Brasil.
Ossos do ofício: Estudo Acerca da Antropologia Forense no Estado do Pará entre 1999 e 2015
Mariluzio Araujo Moreira da Silva
Orientadores(as)
Tiago Pedro Thomé
Hilton Pereira da Silva
Curso
Antropologia
Instituição
UFPA
Ano
2016