Esta dissertação teve por objetivo analisar as práticas pedagógicas de uma professora da sala comum e uma professora da Sala de Recursos Multifuncionais – SRM destinadas à escolarização de uma criança com Transtorno do Espectro Autista – TEA matriculada em uma turma do Segundo Ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual em Icoaraci – Belém/PA, de modo a identificar como elas são organizadas e os possíveis desdobramentos no processo de desenvolvimento da criança. Para tanto, apoiou-se no sistema conceitual de Vigotski e em formulações de estudiosos/as que investigam a temática das práticas pedagógicas realizadas com alunos/as com TEA. A pesquisa, de cunho histórico-cultural, configurou-se dentro dos aspectos de um estudo de caso e foi organizada em duas etapas. Na primeira, foram identificadas e examinadas as relações sociais vivenciadas pela criança com TEA. A produção das informações ocorreu por meio de observação e entrevista semiestruturada com os/as participantes da pesquisa. Na segunda, foram descritas e analisadas as práticas pedagógicas organizadas pelas professoras da turma do Segundo Ano e da SRM, bem como os desdobramentos para o processo de desenvolvimento do aluno com TEA. Para a produção das informações, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com as professoras, bem como a observação das práticas pedagógicas, anotações em diário de campo e análise documental. Os resultados do estudo sobre a existência social da criança revelaram que Gabriel é um menino de 11 anos, órfão de mãe, diagnosticado com TEA e residente em um bairro periférico. No contexto familiar, a interação social ocorria mais com o pai. Na escola, apresentava dificuldade na comunicação social, com poucas possibilidades de interlocução com as professoras e os/as colegas de turma. A análise da prática pedagógica da professora da sala comum revelou que ela era organizada com base em um planejamento pautado na BNCC, a fim de desenvolver habilidades e competências. As atividades tinham foco na leitura, escrita e matemática. A avaliação consistia na frequência e participação de Gabriel nas atividades propostas. A professora do AEE organizava a sua prática pedagógica com base em um planejamento individualizado, tendo como diretriz a perspectiva comportamental. As atividades eram organizadas com vistas à memorização, atenção e concentração. Na avaliação, eram considerados o comportamento e a participação nas atividades propostas. As duas professoras participavam minimamente de momentos de formação continuada. Elas não realizavam um planejamento colaborativo e demonstraram não adotar, conscientemente, uma base teórica para orientar as suas práticas. Conclui-se que as professoras necessitam de sólidos processos de formação continuada, melhores condições materiais de trabalho e elementos teórico-práticos para que possam organizar práticas pedagógicas emancipadoras que contribuam para o desenvolvimento da criança com TEA como uma personalidade consciente.
Organização de Práticas Pedagógicas para a Escolarização de um Aluno com Transtorno do Espectro Autista: Um Estudo na Perspectiva da Teoria Histórico-Cultural, A
Orlando Sérgio Pena Mourão Júnior
Orientador(a)
Sônia Regina dos Santos Teixeira
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2021