Esta Dissertação de Mestrado objetiva refletir sobre o choque entre mitos de origem e suas repercussões nas (des)organizações psíquicas. Apoia-se no referencial teórico da psicanálise sobre as questões psíquicas relacionadas à cultura, uma vez que, para Freud, a psicologia individual é também social. Trata-se de uma pesquisa em psicanálise em interface com as ciências sociais, como história e antropologia, realizada por meio de levantamento bibliográfico e entrevistas semiestruturadas com duas mulheres indígenas, uma da etnia Tembé-Tenetehara e outra da Kaxuyana, residentes na região metropolitana de Belém. As duas etnias têm história de contato diferente entre si e são oriundas do estado do Pará. A região amazônica se constituiu pelo confronto de códigos simbólicos diferentes entre o europeu, as nações autóctones e as africanas, multiculturalidade étnica essa que deu origem à população “cabocla”, habitante da região. Atualmente, o deslocamento de indígenas para a cidade tem intensificado suas relações com a população não indígena, colocando em confronto suas tradições e culturas. Temos por hipótese que o choque cultural, resultado do encontro entre os diferentes imaginários desses povos, pode desencadear um confronto mitológico para alguns sujeitos, ao abalar crenças, valores e ideais que os constitui, tendo como consequência uma desorganização em suas referências identificatórias. O resultado da pesquisa reafirma a presença do mito social no mito individual, interligando acontecimentos arcaicos da história da construção social com a história da origem pessoal dos sujeitos.
Mitos de Origem e Processos Identificatórios na Amazônia: Uma visão Psicanalítica
Maria do Rosario de Castro Travassos
Orientador(a)
Helena Melo Dias
Paulo Roberto Ceccarelli
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2014