A presença de profissionais de psicologia nos institutos federais suscita desafios quanto à direção do nosso fazer e aos compromissos assumidos nessa atuação. Os institutos federais nascem como política pública que inaugura uma nova institucionalidade na educação profissional e tecnológica, mirando uma educação pública capaz de gerar transformações na sociedade. Assim, o cuidado em saúde mental adentra o espaço educacional em meio a um campo disputa histórica no sentido da consolidação desse projeto educacional. Esta pesquisa teve como objetivo cartografar as práticas agenciadas por profissionais de psicologia no IFPA, que é meu campo de trabalho, no que se refere à saúde mental, a partir de uma pesquisa que lança mão de operadores da análise institucional, tais como análise de implicação, análise de demanda e encomenda, bem como faz uso de discussões sobre composição técnica do trabalho em saúde e ethos de ocupação da psicologia. A entrada em campo parte da minha atuação como psicóloga do IFPA Campus Belém e também como membro do Programa de Educação Socioemocional (PES), grupo de trabalho em atividade no IFPA desde 2020 composto por psicólogos/as da instituição, com colaboração multicampi. Nas análises, discuto os processos estudados a partir de três segmentos: conversações entre políticas públicas de saúde e de educação; produção da demanda e fluxos de trabalho em saúde mental no IFPA; ethos e projetos de produção “psi” no contexto da EPT. Pelas análises, afirmo que a entrada da psicologia no instituto federal é um fator intensivo de articulação entre a saúde e a educação, operando nele malhas de controle, tanto quanto promovendo potências de vida, ambas vocações dessa política pública no contexto da biopolítica, em que há poder sobre a vida, e da biopotência, pois há potência da vida resistindo aos fascismos e controles, procurando brecha para existir. Proponho que os lugares do cuidado no contexto educacional sejam pensados em sua contradição e potência de síncope, uma vez que operamos em meio a um campo de forças e as posições que ocupamos, ainda que sejam amarradas às malhas hegemônicas normalizadoras, podem produzir fissuras, deslocamentos, passagens para a manifestação dessa potência de vida pulsante na concretude da escola pública
Lugares do Cuidado: Uma Cartografia da Saúde Mental no IFPA
Bruna de Almeida Cruz
Orientador(a)
Maria Lúcia Chaves Lima
Maria Lúcia Chaves Lima
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2018