A pesquisa tem como objetivo explorar a interação entre música, cultura e sociedade na região do Baixo Tocantins, Pará, entre 1940 e 1970. Para isso, focaliza duas formações musicais locais: os Jazzes, com influência cosmopolita e ligada à modernidade, e os Banguês, marcados pela tradição rural e comunitária. O estudo busca demonstrar como essas práticas musicais coexistiam e dialogavam em um contexto de transformações sociais e econômicas, incluindo o advento do rádio. Os Jazzes, originados em influências norte-americanas, representavam o entretenimento moderno e eram associados às elites locais. Já os Banguês incorporavam instrumentos e ritmos artesanais, relacionados às festividades religiosas e à tradição afrodescendente. Contudo, apesar de possuírem características contrastantes, ambos contribuíram para a construção de uma identidade musical única, refletindo tensões entre modernidade e tradição. Utilizando a história oral, análise documental e comparativa, esta tese também busca discutir o papel da música na formação de hierarquias sociais, nos espaços de lazer e na inclusão de músicos negros na sociedade local. Por último, enfatiza que a música foi um elo entre o rural e urbano capaz de promover negociações culturais e transformações identitárias que caracterizaram a história social da região.