Compreender os significados da morte e do morrer e a relação com as ocupações na finitude do viver de idosos, hospitalizados e em cuidados paliativos oncológicos, foram os objetivos deste estudo. Ocupações correspondem aos fazeres inseridos em um determinado contexto e que possuem forma, função e significado, reveladores de uma existência imbricada de subjetividade. Nessa perspectiva, elegeu-se os seguintes problemas de pesquisa: quais os significados atribuídos pelo idoso, hospitalizado e em cuidados paliativos oncológicos, às ocupações? Como essas ocupações são relacionadas ao processo de morte e morrer? Há um ocupar-se para morte? Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa realizada por meio do estudo de casos múltiplos, que contou com a participação de duas idosas, maiores de sessenta anos, internadas na clínica médica do Hospital Universitário João de Barros Barreto e que receberam o diagnóstico e prognóstico de câncer sem possibilidades terapêuticas de cura. Para a coleta de dados, os instrumentos utilizados foram: entrevista aberta; atividade de colagem, atividade livre e questionário. A observação participante, o registro em diário de campo e a consulta ao prontuário também foram realizadas. A coleta se deu com a média de três encontros que se estabeleceram de acordo com a necessidade e possibilidades das participantes. A análise dos dados ocorreu a partir de sua triangulação com posterior leitura flutuante. As idosas colaboradoras revelaram diferentes modos de compreender o processo de morrer, com significados e atitudes distintas. As ocupações durante a hospitalização podem ser realizadas de modo a manter a vida, negando e camuflando a realidade de iminente morte, ou para despedir-se da existência e de todas as coisas que compõe a vida, em uma postura de elaboração contínua da morte real e próxima. Nesse sentido, os achados desse estudo desvelam os significados das ocupações no processo de morrer: ocupações investidas no viver com busca de novas possibilidades, ocupações que se revelam como possibilidades de processar o morrer por meio de fazeres para o fim da vida e também apontam a necessidade e relevância do “recolhimento” da pessoa em iminência de morte, em que ocorre o afastamento do investimento em ocupações e das relações e, dessa forma, compreende-se este processo como uma forma íntima e natural de organizar-se na finitude. Logo, as ocupações como expressão da totalidade da existência humana são formas genuínas, singulares, subjetivas e construídas também no processo de finitude que revelam o fazer, o ser e tornar-se.
Idosos Hospitalizados e em Cuidados Paliativos Oncológicos: Possibilidades de Fazer, Ser e Tornar-se na Finitude.
Gisely Gabrieli Avelar Castro
Orientador(a)
Airle Miranda de Souza.
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2014