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Identidade à Indeterminação: Impasses, Rupturas e Subversões Entre Feminismo e Psicanálise, Da

14 de Abril, 2025 . Teses Paula Affonso de Oliveira

Psicanálise e feminismo traçam um debate que atravessou o século XX e continua atual, desde Freud e as teses sobre a feminilidade até Lacan e a querela do falo. É nesse campo de interlocução que a presente tese se situa, abordando uma vertente feminista que ganhou força nas últimas décadas: o feminismo identitário. Política identitária foi um termo cunhado na década de 1970 para referir-se aos movimentos sociais que cada vez mais adotavam a identidade como elemento central de organização e reivindicação política. O feminismo identitário, por sua vez, derivou-se dessa política na tentativa de descolonizar suas produções, apontando meandros específicos das minorias que, amiúde, estavam subsumidas nas reivindicações majoritárias do feminismo. Contudo, uma política que surgiu a partir de movimentos contra-hegemônicos foi sendo, paulatinamente, incorporada pelo discurso neoliberal, ao passo que lutas legítimas foram cooptadas e homogeneizadas para atender aos apelos normativos da lógica do capital, perdendo seu caráter de contestação social. Diante desse cenário, indaga-se: como a Psicanálise pode fazer furo em uma política feminista identitária? Para responder a essa questão, propomos duas vias conceituais: as modalidades de laço social e as fórmulas da sexuação. O discurso do capitalista, ao prometer uma completude nunca realmente realizada, ancorada em uma lógica do consumo que, pretensamente, pode tamponar a falta e individualizar o sujeito, surge como aquele que possibilita compreender o fortalecimento de uma política feminista identitária. Enquanto a leitura da sexuação, a partir da lógica da não-relação e do não-todo, permite questionar o princípio de não-contradição que funda a identidade. O feminino emerge, portanto, como ponto de ruptura em uma lógica fálica bem estabelecida, que, ao operar com o furo e o Real, desvela um campo de indeterminação que não permitiria o fechamento identitário do sujeito.

Autor(a)

Paula Affonso de Oliveira

Orientador(a)

Roseane Freitas Nicolau

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2017