Desde a antiguidade até o presente, o fenômeno da prostituição tem sido foco de diversas discussões. A prostituição é frequentemente abordada pelo imaginário como uma questão de “depravação” moral. Nesta tese, a prostituição é abordada como atividade comercial geradora de renda financeira tolerada no entorno dos projetos hidrelétricos paraenses. Nossa pesquisa buscou compreender as raízes da prostituição no contexto dos grandes projetos hidrelétricos na Amazônia paraense, observando a construção histórico-social da prostituição como fator de degeneração moral. Assim, para melhor entender essa e outras questões, investiu-se na compreensão da natureza desse fenômeno e em sua interação com os grandes projetos. Desta forma, realizou-se pesquisa bibliográfica, na perspectiva de elaborar uma apresentação dos grandes projetos e da prostituição para entender a atuação das profissionais no mercado do sexo no entorno das Usinas Hidrelétricas de Tucuruí e Belo Monte, ambas localizadas no estado do Pará-Brasil nos municípios de Altamira e Tucuruí, respectivamente. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cinquenta mulheres que exerceram/exercem a prostituição nos últimos 40 anos, considerando que a UHE Tucuruí foi construída nas décadas de 80 e 90 do século XX, e a UHE Belo Monte nas duas primeiras décadas do século XXI. As fontes utilizadas foram os documentos oficiais das construções das UHEs, os jornais e outros periódicos, as normatizações legais em nível federal, estadual e municipal e os depoimentos orais coletados em trabalho de campo. Na pesquisa, foi adotada a metodologia e os instrumentais de história oral propostos por Carlos Fico (2012), Verena Alberti (2015) e Marieta Ferreira (2018). Entre as principais constatações dos estudos e da pesquisa foi o fortalecimento do comércio do sexo no mundo ocidental e em nível local, mesmo em meio a restrições morais e religiosas ditadas pela tradição judaico-cristã. Os dados da investigação indicam as contradições existentes nas políticas públicas, assim como as restrições que sofrem as profissionais do sexo, que arcam com exclusões tanto implícitas quanto explícitas em nossa sociedade, pois essas mulheres sempre são responsabilizadas pelos seus próprios dramas sociais econômicos e psicológicos. Cabe ressaltar que a maioria das entrevistadas sempre indicaram que o exercício da prostituição foi adotado ante a expectativa de obtenção de renda substancial preconizada por todos que divulgavam a ideia das UHEs como um instrumento de desenvolvimento fundamentado na ideia de progresso financeiro para todos.
História da Prostituição em Projetos Hidrelétricos na Amazônia Paraense: O lado Sombrio do Grande Capital, A
AUGUSTO CESAR PINTO FIGUEIREDO
Orientador(a)
Leila Mourão Miranda
Curso
História
Instituição
UFPA
Ano
2024