Skip to main content

Formação de Professores Alfabetizadores e a Educação Especial Inclusiva na Rede Municipal de Ensino de Ji-Paraná-RO: Qual Agenda?

14 de Maio, 2025 . Teses Julio Sergio Camargo

Neste estudo, partimos da problematização de que há, vinculado à formação dos professores em geral, um projeto que assume os interesses dos aparelhos privados de hegemonia, influenciados pelas diretrizes e ideologias do mercado. Não fogem à regra as pessoas com deficiência, que precisam se apropriar, a seu modo, dos elementos inerentes ao processo de alfabetização. Por isso, há em vigência agendas neoliberais que focalizam essa temática. Em Rondônia, mais especificamente em Ji-Paraná, alguns programas de formação de professores à alfabetização vêm sendo implementados, como o Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) e o Programa de Alfabetização de Rondônia (PROALFA). Sobre a formação à educação especial inclusiva, especificamente, a rede de ensino municipal implementa, anualmente, ações voltadas ao tema. Diante disso, este trabalho tem como objetivo geral analisar os encaminhamentos da agenda neoliberal à formação inicial e continuada dos professores alfabetizadores à educação especial inclusiva em Ji-Paraná-RO, considerando as concepções pedagógicas, concepções de aprendizagem e desenvolvimento e de educação especial. Como procedimentos metodológicos, utilizamos o materialismo histórico-dialético (MHD), que orientou na seleção dos textos e dos dados, seguido pelo levantamento documental; observação das formações continuadas em andamento (2023-2024); aplicação de questionários, com 20 vinte professoras alfabetizadoras; e entrevistas, com sete professoras alfabetizadoras e uma servidora técnica do setor de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Ji-Paraná-RO. Nos resultados, constatou-se que há lacunas na formação inicial relacionada à apropriação de conteúdos necessários ao trabalho intencional e diretivo ao Público da Educação Especial (PEE). Na formação continuada da área, embora haja um destaque ao curso de Libras, é necessário um avanço para incluir outros grupos que também precisam de atendimento especializado, como estudantes com transtorno do espectro autista, com cegueira, com altas habilidades/superdotação. Ademais, pouco se aborda sobre a alfabetização nos encontros organizados pelo núcleo de Educação Especial da SEMED de Ji-Paraná. Nos programas de formação específicos à alfabetização, não existe um trabalho voltado à educação especial inclusiva. A tese confirmada é a de que, enquanto os resultados “quantitativos” da alfabetização forem negociados como um objeto de mercado, vinculados ao projeto de reestruturação produtiva neoliberal, o que implica um trabalho imediatista, de controle dos resultados e da responsabilização, as agendas à formação inicial e continuada serão excludentes em relação ao Público da Educação Especial. Assim, a confirmação de que não há uma agenda para formação de professores alfabetizadores que inclua esses estudantes evidencia, paradoxalmente, a existência de uma outra agenda: a da exclusão. Nessa esteira, as práticas atuais recuperam teorias pedagógicas e concepções de aprendizagem que, em sua lógica, restringem a alfabetização a um processo imediato, limitado à apropriação de conteúdos básicos e elementares em português e matemática, em contraste com uma demorada sistematização, de intencionalidade pedagógica, que articula dialeticamente a tríade conteúdo-forma-destinatário. Dessa forma, propõe-se a superação da referida problemática por meio da ampliação da discussão sobre a alfabetização nos componentes curriculares da formação inicial, garantindo que essa temática não se restrinja apenas às pessoas sem deficiência. Indica-se ainda que nessas formações se recupere os fundamentos teóricos de cunho filosófico, sociológico, psicológico e pedagógico comprometidos com o desvelamento da agenda capitalista e da sua superação. Em relação a estes últimos, defende-se a concepção pedagógica Histórico-Crítica e a concepção de aprendizagem e desenvolvimento Histórico-Cultural.

Autor(a)

Julio Sergio Camargo

Orientador(a)

Benedito de Jesus Pinheiro Ferreira

Curso

Educação

Instituição

UFPA

Ano

2025