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Finitude e Morte: O “Ser-Para-A-Morte” de Heidegger Como Limite e Horizonte da Compreensão Humana

15 de Abril, 2025 . Teses Arnin Rommel Pinheiro Braga

Essa pesquisa gira em torno à questão de uma compreensão mais vivencial da existência humana a partir da finitude. Partindo do pressuposto de que toda compreensão humana a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo ao nosso redor se dá não somente – e exclusivamente – pela razão, mas também – e fundamentalmente – a partir de todos os seus aspectos vitais, históricos e culturais que compõem a existência humana finita e seu mundo de relações, esta pesquisa se debruçará sobre a análise daquela realidade humana que se mostra como o índice mais patente da finitude: a morte. Para isso, nos utilizaremos da fenomenologia-hermenêutica do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Onde o autor busca “voltar às coisas mesmas”, isto é, não pretende definir o fenômeno em categorias prévias que já são tomadas como evidentes, mas antes de tudo procura se aproximar do fenômeno a partir do nível mais vivencial e originário como ele se mostra e é percebido por nós. Nesse sentido, por meio da fenomenologia-hermenêutica, Heidegger aponta que a existência humana se mostra primordialmente como Dasein, “ser-aí”. Uma vez existindo, o Dasein já se mostra como um “ser-para-a-morte”. Sua existência já acontece dentro dos limites da temporalidade e da mortalidade. A morte, por sua vez, não é uma realidade externa à existência do Dasein, como se a mesma viesse de fora e o visitasse em um determinado momento de sua vida. Mas a morte, enquanto realidade intrínseca à existência do Dasein, é a possibilidade mais certa, irremissível e insuperável. Sendo assim, a morte se mostra como uma realidade única de cada Dasein e, por meio dela, a existência se mostra ao mesmo sempre como uma realidade cada vez mais minha. Desse modo, esta pesquisa defende a hipótese de que a morte – entendida dentro da compreensão de “ser-para-a-morte” – desoculta e libera uma compreensão mais própria da existência humana que não a generaliza ou a define a partir de conceitos prévios, mas que tem como ponto de partida a própria existência humana em seu nível mais pessoal e vivencial. O “ser-para-a-morte” revela que a existência humana nunca pode ser fechada em um quadrado conceitual prévio, mas sempre se mostra como realidade possível, aberta, única e, principalmente, como uma realidade cada vez mais minha.
A partir disso, acreditamos que ao resgatarmos o solo finito da existência humana através da compreensão de “ser-para-a-morte”, poderemos trazer novamente as psicologias disponíveis – e o atuar do psicólogo na clínica – para aquele modo de ser da existência humana que lhe é mais próprio: o estar aberto a possibilidades e o caráter do ser humano de não se fechar em determinismos que podem lhe causar sofrimentos. Acreditamos que, resgatando esse solo finito muitas vezes ocultado pela concepção de um “sujeito pensante” autossuficiente, a existência humana pode ser vivenciada por nós de uma maneira mais dinâmica, histórica, aberta e responsável. Pensar na morte e na finitude resgata no ser humano sua atitude de responsabilidade diante da vida, uma vida que é abertura e sempre possível, construindo-se e desconstruindo-se, onde o ser humano é sempre impelido a “ganhar-se ou perder-se”.

Autor(a)

Arnin Rommel Pinheiro Braga

Orientador(a)

Cezar Luis Seibt

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2024