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“Eu Acho Graça pra Não Chorar”: Uma Análise Psicodinâmica do Trabalho de Operadora de Caixa de Supermercado

24 de Abril, 2025 . Dissertações Ana Carolina Secco de Andrade Mélou

Esta dissertação faz uma análise baseada na Psicodinâmica do Trabalho sobre o cargo de operadora de caixa de supermercado, analisando a organização do trabalho e investigando a dinâmica prazer-sofrimento psíquico. A demanda desta pesquisa partiu da pesquisadora em função de sua trajetória profissional e implicação com o tema. Contudo, as operadoras foram convidadas a participar, sendo condição a voluntária aceitação destas. Fizeram parte desta pesquisa o total de quinze operadoras de caixa de quatro diferentes supermercados da cidade de Belém-PA. Nesta pesquisa foi feito uso da metodologia qualitativa, tendo a Psicodinâmica do Trabalho como aporte teórico central. Esta teoria foi cunhada pelo médico e psicanalista francês Christophe Dejours, e estuda a saúde psíquica no trabalho, com foco na inter-relação entre sofrimento psíquico e as estratégias de defesa mobilizadas pelos sujeitos para suportar o sofrimento, transformando o trabalho em fonte de prazer. O trabalho de campo consistiu na realização de entrevistas individuais, a quantidade de entrevistas foi definida segundo o critério de saturação, todas foram gravadas. Também foi usado um diário de campo pela pesquisadora. As entrevistas foram realizadas com base na técnica específica de pesquisa e intervenção da Psicodinâmica do Trabalho, por meio de um roteiro semiestruturado. Utilizou-se a técnica de Análise de Núcleo de Sentido (ANS) para examinar o material registrado. A análise do material possibilita afirmar que a organização do trabalho das operadoras de caixa de supermercado é rígida e oferece poucas possibilidades de transformação do sofrimento em vivências de prazer, sendo este essencialmente vivenciado na relação com os pares. Também há pouco espaço para que as trabalhadoras expressem as dificuldades vivenciadas no desempenho de suas atividades laborais. Tais dificuldades evidenciam-se, por exemplo, na insatisfação referente ao relacionamento com as chefias, pela falta de reconhecimento no trabalho, pela ocorrência de assédio sexual, pelos constrangimentos e agressões sofridas na relação com os clientes e pela precariedade nas condições de trabalho. As queixas de sintomas físicos foram predominantes, sobretudo os problemas musculoesqueléticos. Foi evidenciada a existência de sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. Este sofrimento mobiliza a autoaceleração da operadora como mecanismo individual de defesa. Quanto às estratégias coletivas de defesa e resistência, o comportamento submisso, o apego à crença religiosa e o riso aparecem como formas para suportar as adversidades presentes no cotidiano de trabalho.

Autor(a)

Ana Carolina Secco de Andrade Mélou

Orientador(a)

Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2018