Esta tese analisa o Movimento Indígena Munduruku e sua relação com a educação escolar, partindo da seguinte questão de investigação: como se deu a organização do movimento indígena Munduruku pela conquista da educação escolar na TI Kwatá-Laranjal, localizada no estado do Amazonas? No plano teórico, utilizamos o pensamento decolonial como estratégia epistemológica para a análise e compreensão do estudo. No plano metodológico desenvolvemos uma pesquisa qualitativa, utilizando procedimentos participativos de investigação com o engajamento dos tuxauas, das lideranças e dos(as) representantes professores(as) Munduruku na construção da tese. Partimos da seguinte hipótese: os povos indígenas, após séculos de conflitos com os não-indígenas, decidiram se apropriar dos conhecimentos ocidentais como forma de resistência e enfrentamento ao processo de subjugação gerado no pós-contato. O povo Munduruku da TI Kwatá-Laranjal se organiza enquanto movimento coletivo com 05 (cinco) perspectivas de abrangência: étnica, política, pedagógica, formativa e organizacional. O movimento é tecido na inter-relação da cosmogonia Munduruku com a sua história de conflito com o pariwat e com o Estado, resultando na defesa de uma educação escolar própria que respeite e incorpore seus modos de ser, estar, conhecer e intervir nos mundos indígenas e nãoindígenas. Os resultados evidenciam que o movimento indígena Munduruku pela educação escolar própria se insere no mosaico construído historicamente com espírito de luta que refaz, desfaz, apropria, desapropria, dialoga e enfrenta as contradições existentes e que emergem no processo de resistência e luta. Portanto, a educação escolar não está apartada do movimento indígena, e o movimento indígena está no chão da escola. Essa relação indica a necessidade de transgressão, rebeldia e radicalidade frente à lógica do sistema-mundo colonial-imperial de poder que impõe a negação da cosmogonia, da identidade étnica e do ser/estar Munduruku no mundo, tendo como uma das maiores aprendizagens dessa relação o poder de ressignificação do uso do substantivo esperança no sentido do verbo: ESPERANÇAR!
Espinhos no Pé: O Movimento Indígena Munduruku e sua Relação com a Educação Escolar na TI Kwatá-Laranjal/Am
Lucas Antunes Furtado
Orientador(a)
Salomão Antonio Mufarrej Hage
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2022