O tema deste trabalho é a formação de professores indígenas no estado do Pará, Brasil. Seu objeto de investigação é uma experiência de formação intitulada “Curso em Nível Médio de Formação de Professores Índios do Pará”, tratada e identificada pelos sujeitos envolvidos como “Escola Itinerante”, implementada pela Secretaria de Estado de Educação do estado do Pará – SEDUC. Partimos para o estudo com base na seguinte questão de pesquisa: em que medida a política de formação de professores indígenas, implementada pela SEDUC/PA, garantiu uma educação diferenciada, tendo em vista os direitos constitucionais adquiridos pelas populações indígenas no Brasil? O objetivo geral norteador estabelecido foi: analisar a formação de professores indígenas desenvolvida pela Escola Itinerante, a partir da Teoria da Estruturação e da Contemporaneidade em Giddens, com base na metodologia da sociologia compreensiva fenomenológica de Schultz e das técnicas de pesquisa do tipo etnográfica, visando compreender o seu lugar e o seu significado histórico e sociopedagógico, especialmente junto ao povo Tembé Tenetehar. Especificamente, definimos os seguintes objetivos: (a) Identificar as necessidades educacionais dos grupos indígenas, considerando as demandas dos movimentos sociais indígenas no estado do Pará; (b) descrever os processos institucionais e pedagógicos da política de formação de Professores Indígenas da Escola Itinerante implementados pela SEDUC-PA. De Giddens utilizamos o conceito de reflexividade e desencaixe, além da teoria da estruturação, articulando tais conceitos com a realidade vivida pelos sujeitos submetidos à política da formação indígena investigada. Metodologicamente, trabalhamos com 7 (sete) grupos de sujeitos: 1) Atores Institucionais Direto, isto é aqueles sujeitos que participaram diretamente da proposta de formação; 2) Atores Institucionais Indireto, que são os que, além de participarem da construção da proposta, coordenaram sua execução; 3) Atores Políticos, os sujeitos que institucional e politicamente respondem pela proposta; 4) Professores da Primeira Geração que se envolveram e elaboraram a proposta; 5) Professor Remanescente, aquele que se envolveu, elaborou a proposta e permanece no quadro administrativo; 6) Professores de Período Recente, os que ingressaram posteriormente; 7) Os indígenas (Tembé do Guamá, Tembé do Gurupi e indígenas de outras etnias). Tecnicamente, inspiradas em Schultz, aplicamos a Entrevista em Profundidade. Os resultados nos fazem defender a tese de que o projeto político de formação analisado foi elaborado a partir de um único corpus pedagógico, que ignorou as diferenças étnicas dos indígenas em desencaixe às 40 etnias abrangidas por esta ação, desencadeando um cenário de confronto com o movimento de professores.
“Escola Itinerante”: Uma Experiência de Formação de Professores Indígenas no Estado do Pará, Brasil
Maria Lucia Martins Pedrosa Marra
Orientadores(as)
Eneida Côrrea de Assis
Salomão Antonio Mufarrej Hage
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2015