Esta pesquisa visa analisar o processo de escritura fílmica de parte do cotidiano urbano do século XX (1940-1995) do município de Castanhal (Pará) através de dois documentários produzidos pelo cineasta paraense Edivaldo Moura, sendo eles O Cinema de Seu Duca (2016) que aborda a trajetória multicultural do Cine Argus durante suas quase seis décadas de funcionamento no município; e A Última Maria (2021) que centrase em parte dos elementos estruturais da estrada de ferro de Bragança (EFB), no dia-adia dos habitantes castanhalenses, resguardando a locomotiva Castanhal e a estação ferroviária como protagonistas. Ambos os filmes são estruturados de formas semelhantes ao convidar moradores do município para compartilhar suas experiências pessoais pretéritas com os elementos principais que os filmes visionam – o Cine Argus e a Locomotiva Castanhal. Utilizamos a análise fílmica (leitura interna) em conjunto com fontes documentais para afirmar os filmes não como espelhos que representam um passado já dado por uma externalidade social passiva, mas sim como produtores de um movimento histórico próprio ao período castanhalense abordado e, principalmente, ao seu presente produtor. Como resultado, os filmes foram entendidos como criadores de uma inteligibilidade temporal que ancora presente-passado ao formularem suas próprias escrituras especificas de parte da transformação urbana de Castanhal, tendo o cinema e a locomotiva, junto às experiências sociais desenvolvidas nesses espaços, como símbolos suplantados – e ao mesmo tempo resistentes – da política de remodelamento urbanocomercial de Castanhal iniciada com vigor a partir da segunda metade do século XX no município.
Entre o Cinema e a Locomotiva: Os Documentários de Edivaldo Moura Como Escrituras Fílmicas de um Passado Castanhalense (1940-1995)
Matheus de Sousa Oliveira
Orientador(a)
Pere Petit Peñarrocha
Curso
História
Instituição
UFPA
Ano
2024