O ambiente espacial deste estudo é São Luís, capital do Maranhão, entre os anos de 1852 e 1909, isto é, durante 37 anos do período monárquico, que terá seu apogeu e decadência, e nos primeiros 20 anos do período republicano, em que ainda se lidava tanto com a implementação da liberdade de todas as pessoas que viviam no Brasil, quanto com a reconfiguração das questões políticas, econômicas, sociais e culturais do país. Nesse sentido, a linha melódica desta tese é o ensino de música em São Luís e suas funções sociais no dito período. Assim, este trabalho visa entender como acontecia o ensino de música, a quem se destinava e em quais condições materiais era realizado. Para tanto, o objetivo geral deste trabalho é analisar como o ensino de música contribuiu para a consolidação das vivências musicais escolares em São Luís e, ainda mais traçar um panorama da presença da música na sociedade ludovicense, a partir dos espetáculos que aconteciam no Teatro São Luís; analisar o processo de construção de uma sociabilidade elegante, baseados nos ideais franceses de refinamento e elegância; identificar tanto as instituições escolares particulares onde existiam aula de música como os/as professores/as de música que atuavam nesses estabelecimentos de ensino e discutir a presença dos instrumentos musicais como cultura material escolar. Em termos de fontes, a pesquisa está ancorada nos jornais e almanaques do acervo da Biblioteca Benedito Leite e da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, e na coleção de Leis e Regulamentos da Instrução Pública do Maranhão. Para articular as questões postas em discussão nesta tese com as informações contidas nas fontes, o caminho teórico-metodológico é o apontado pela História Cultural e pela Cultura Material Escolar. A escolha desses ramos teóricos se dá devido à possibilidade de várias análises a partir de fontes diversas, coadunando-as com as necessidades de articulação das informações nelas contidas com interseções da política, da economia, da sociedade e da própria cultura. Nesse sentido, a presença do ensino de música é analisada como um paradoxo, pois estava presente como um ofício manual, institucionalizado pelo governo e destinado a meninos desvalidos, e ao mesmo tempo presente nas instituições escolares particulares como sinônimo de refinamento e elegância para os membros das elites. Desse modo, esta tese tem como resultados a existência de colégios particulares onde havia aulas de música, de professores particulares ministrando aulas de música, que a legislação, tanto do império quanto da república, não deu a devida atenção ao ensino de música, que os instrumentos musicais, as partituras e métodos de ensino de música faziam parte da cultura material escolar e a importância de se analisar o ensino de música a partir das discussões de gênero.
Ensino de Música e as vivências Musicais em São Luís do Maranhão(1852 – 1909), O
João Costa Gouveia Neto
Orientador(a)
Cesar Augusto Castro
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2022