Esta dissertação problematiza o trauma atribuído aos casos de abuso sexual, a partir de uma interlocução entre a Psicanálise e o âmbito jurídico. Para tanto, tomamos como referência o recorte clínico de um atendimento neste âmbito institucional, cuja escuta psicanalítica suscitou questionamentos quanto à conotação traumática atribuída ao caso. Considerando que neste âmbito o trauma se define por uma relação direta com o acontecimento, como o abuso sexual, resultando em sintomas psicopatológicos, e que a psicanálise define o trauma a partir da história sexual e singular de cada sujeito, questiona-se: o abuso sexual realmente perpetrado contra uma criança ou adolescente é sempre da ordem do trauma patológico, ou existiria outra saída para a elaboração do acontecimento? O que estaria implicado nos casos onde não encontramos as perturbações psíquicas, que muitos estudos apontam? Para responder a essas questões, estabelecemos discussões teóricas em torno da historicidade relacionada à noção de infância e de abuso sexual e trabalhamos a noção de trauma na psicanálise, a partir dos conceitos de fantasia, realidade psíquica, Real e sexualidade infantil, concluindo que a criança pode dar outro sentido para o abuso sexual além daquele que define o traumático no âmbito jurídico. Nosso estudo também discute possibilidades de articulação entre o direito e a psicanálise nos casos de abuso sexual, a partir de termos comuns às disciplinas, como lei e sujeito. Assim, propomos uma intervenção que articule o saber jurídico, de caráter universal, e a singularidade proposta pela Psicanálise, refletindo a respeito dos conceitos e práticas existentes na atualidade para o enfrentamento do abuso sexual, os quais, muitas vezes, acabam por excluir o sujeito na sua história e subjetividade.
Efeito Traumático do Abuso Sexual: Contribuições da Psicanálise para a Intervenção no Âmbito Jurídico, O
Ozilea Souza Costa
Orientador(a)
Roseane Freitas Nicolau
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2014