Este estudo tem por objetivo desvelar se o tema da morte de si mesma ou de outras crianças com câncer são abordados por meio dos desenhos estórias produzidos pelas mesmas e compreender o que significa estar sobre o tratamento oncológico e morar na Casa Hospedaria. A associação entre o Câncer e a morte passa a ser conhecida pelas crianças, de alguma forma, desde o momento do diagnóstico, esse encontro é constante. Quando tentam conversar sobre a morte com os adultos, estes, normalmente, encontram dificuldades em falar, argumentando que elas nada sabem a respeito ou não conseguem ter a compreensão sobre o assunto. A estratégia metodológica foi fundamentada na abordagem qualitativa de base fenomenológica, objetivando acessar o sentido e a intencionalidade dos fenômenos humanos, considerando os significados atribuídos pelos indivíduos. A pesquisa foi desenvolvida na Associação Colorindo a Vida – Casa Ronald Belém que presta assistência psicossocial, hospedagem, alimentação e transporte às crianças e acompanhantes durante o tratamento oncológico. Colaboraram com a pesquisa, seis crianças que estavam em tratamento oncológico e hospedadas na casa, sendo quatro do sexo feminino e duas do sexo masculino. Como instrumento para coleta dos dados, foi utilizado entrevista semiestruturada com os responsáveis, objetivando identificar informações gerais a respeito da criança. Posteriormente, com as crianças foi realizado execução do procedimento de desenho estória, por meio de desenhos e associações verbais, introduzido por Walter Trinca, em 1972. Para análise e compreensão dos dados coletados, utilizou-se o modelo de Amedeo Giorgi. Posteriormente, foram construídos os eixos temáticos: as diversas perdas no adoecer; a morte de si e de seus companheiros de enfermaria; vivendo em uma casa longe de casa. Todas as crianças destacaram, em algum momento da construção do desenho ou na elaboração de suas estórias, as perdas e limitações que vivenciam ou que foram percebendo no decorrer do tratamento oncológico. Estas foram relacionadas a vários aspectos de suas vidas, tais como: atividades cotidianas, de lazer, mudança de hábito e o isolamento social. As perdas são vivenciadas de modo singular e subjetivo, têm relação com as maneiras pelas quais as crianças lidam com outras perdas no decorrer dos anos e fase do desenvolvimento psíquico em que se encontram. Essas vivências possibilitam enfrentar o sofrimento e frustração causados pela perda. A criança busca compreensão do que ocorre consigo e com ambiente em que se encontra, lida com incerteza em relação ao futuro, podendo sentir a proximidade da morte e expressar seus sentimentos e emoções. Observou-se que a maioria dos colaboradores elegeu o desenho para falar da morte e do morrer, não mostrando-se receptivas a construírem suas estórias, o que me faz refletir que estórias tem começo e fim, mas algumas dessas crianças ainda aguardam o desfecho do tratamento para saber se vencerão o câncer ou se o seus desfechos serão a vida ou a morte.
Desenhos Estórias de Crianças com Câncer Acolhidas na Casa Hospedaria: Desvelando seus Significados
Luana Maria de Souza Fernandes
Orientador(a)
Airle Miranda de Souza.
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2017