As linhas que lerão a seguir são de uma pesquisadora que busca trazer a análise das fontes coletadas e das entrevistas realizadas, através dessa singela pesquisa de uma ribeirinha lá de Rio Furtados, Cametá (PA), que desde criança ama ver o carnaval passar pelos rios. E pensando na multiplicidade de elementos festivos existentes no carnaval, pretendo analisar esses dançantes das Águas a partir de suas relações heterogêneas como pensadores, organizadores e dançantes do carnaval, além de suas sociabilidades carnavalescas; analisar as territorialidades carnavalescas, visto que grupos pertencentes ao município de Mocajuba também integram este carnaval cametaense, além de analisar os espaços criativos e as sociabilidades das comunidades em torno do carnaval. Neste sentido, como tudo é pensado, organizado e elaborado por eles: as fantasias, as máscaras, as comédias, os ensaios, os barcos, até os dançantes, especialmente, os comediantes são indicados pelos mais experientes dançantes da folia, surge a problemática que gira em torno de Quais os usos da memória festiva, o “falar dos outros”, como herança do passado no presente, considerando os aspectos organizativos e performativos do festejo como a confecção das fantasias, máscaras, comédias, ensaios? Nessa perspectiva, temos questões importantes a serem destacadas aqui. A primeira delas é a ideia de um carnaval feito nos rios, que fugiria, consubstancialmente, do que estamos acostumados a ver ou encontrar em tempos de carnaval. A regionalização é outro elemento que os tornam únicos, a exemplo do uso do barco e do rio como passarela. Falarei, também, da comunidade que transforma em barracão suas residências, tornando público o seu espaço doméstico, isto é, suas casas tornam-se barracões domésticos dos dançantes e da folia. Contudo, as primeiras considerações gerais que temos é que, para além das convenções clássicas e tradicionais sobre o carnaval, há diversas formas de brincá-lo e festejá-lo no Brasil, no Pará e na Amazônia Tocantina. É pensando nessas multiplicidades e formas de festejar que o Carnaval das Águas faz parte dessa diversidade das festas carnavalescas, e não está desconectado das demais festas nacionais e internacionais, especialmente as escolas de samba e os festejos medievais, respectivamente, mas, a partir de suas particularidades regionais, compreendê-lo em sua lógica própria, a do mundo rural e ribeirinho da Amazônia.
Dançantes das Águas: O Carnaval dos Ribeirinhos da Amazônia Tocantina
Elizane Gonçalves Miranda
Orientador(a)
Aldrin Moura de Figueiredo
Curso
História
Instituição
UFPA
Ano
2022