Esse trabalho apresenta a curandeiria, um sistema religioso de cura física e espiritual desenvolvido em comunidades ribeirinhas situadas no município de Abaetetuba-Pará, cidade da mesorregião do nordeste paraense, dentre elas, duas: a ilha Urubuéua e Paruru. A curandeiria utiliza os curadores, os elementos da natureza e os encantados – caboclos e guias – para realizarem as curas. Nesse sentido, ela necessita dos humanos, dos não humanos e dos extra- humanos para realizarem suas atividades. Os sujeitos da pesquisa são dois agentes de cura, Dona Neca e Seu Orivaldo, que se autodenominam curadores, suas práticas se assemelham ao xamanismo (Eliade 1998). O objetivo é conhecer e etnografar os saberes e técnicas presentes nas práticas de cura desses curadores, como eles adquirem esse poder de curar ou de tratar determinados problemas que lhe desafiam diariamente. Por essa razão, realizei uma etnografia das práticas de cura buscando compreender como os curadores interagem com certos elementos do ambiente onde vivem, tendo em vista que eles residem em um contexto dominado pela presença das florestas/mata e dos rios. Assim, seu Orivaldo afirma que foi “preparado” pelas “mãos da mata” e Dona Neca diz que foi “preparada” pelo “povo do fundo”. Portanto, este trabalho apresenta um importante elemento de cura utilizado nas ilhas de Abaetetuba que é a curandeiria, pois evidencia as formas pelas quais um indivíduo se torna uma pessoa agente da cura, por meio da teoria da dádiva (Mauss 2003), em que o dom não pode jamais ser negado, havendo a necessidade de ser retribuído por meio de uma terna linha de reciprocidade que alinha as pessoas necessitadas de ajuda/cura.
Cura Que Vem dos Rios e das Matas: Um Estudo Sobre a Curandeiria nas Ilhas de Abaetetuba-Pará, A
Lucielma Lobato Silva
Orientador(a)
Flávio Bezerra Barros
Curso
Antropologia
Instituição
UFPA
Ano
2019