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Corpo e o Discurso do Capitalismo: Enlaçamentos Possíveis a Partir do Filme Her, O

15 de Abril, 2025 . Teses Gessé Duque Ferreira de Oliveira

A forma de estabelecer laços está sofrendo mudanças importantes. Até há algum tempo, para encontrar alguém era necessário circular por festas, pelo trabalho, pela universidade com um corpo físico. A tecnologia mudou essa cartografia, hoje é possível ficar em casa e passear pela internet com um perfil e uma foto para se conectar a outros sujeitos numa relação mediada por telas, como também construir relacionamentos com inteligências artificiais como mostra o filme her (JONZE, 2013), no qual um escritor de cartas se apaixona pela voz de um sistema operacional. É nesse contexto que essa tese se situa. Apresenta-se como objetivo investigar o destino que o corpo tem no laço que se estabelece entre um sujeito e um gadget como parceria amorosa, numa referência ao que Lacan denominou como discurso do capitalismo, um tipo de discurso específico que exclui o laço, a castração e o amor. Foram construídos três eixos para abordar essa problemática. Primeiramente, se articulou as novas formas de enlace na contemporaneidade, desde as relações off-line, passando pelas on-line até as relações com os gadgets; em seguida, foram abordadas as modalidades de discurso e sua ameaça de dissolução pelo Mercado; e, por fim, a concepção que o corpo tem na psicanálise freudolacaniana. Utilizou-se o filme her (JONZE, 2013) como um caso paradigmático das novas tentativas de laços sociais e problematizou-se algumas cenas para pensar a relação entre sujeito, tecnologia, discurso e corpo, buscando recolher nessa obra cinematográfica questões pertinentes a esse debate. O olhar nessa tese não se direciona às ferramentas tecnológicas, em sua defesa ou ataque, mas aos laços que os sujeitos podem estabelecer por meio da tecnologia e com a tecnologia. Pensou-se que esses eixos pudessem confirmar a hipótese de que o discurso do capitalismo força a retirada do corpo do outro ou trata o outro como uma mercadoria privilegiando um gozo solitário. Nesse discurso, o corpo deve ser rechaçado, negado e retirado do laço, abolindo o sujeito, reduzindo-o ao orgânico, numa tentativa de, também, transformá-lo em um eu autônomo, numa máquina, denegando a experiência do inconsciente

Autor(a)

Gessé Duque Ferreira de Oliveira

Orientador(a)

Roseane Freitas Nicolau

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2023