O presente estudo objetivou problematizar as práticas que constituem a execução das medidas socioeducativas de adolescentes do sexo feminino em privação de liberdade, sobretudo no que diz respeito aos cuidados relacionados às adolescentes que têm (ou já tiveram) algum tipo de relação com o uso de substâncias psicoativas. Desse modo, elegeu-se o Centro Socioeducativo Feminino – CESEF, situado em Ananindeua no estado do Pará, enquanto campo, traçando uma proposta cartográfica, ou seja, do acompanhamento dos constates acontecimentos, fazendo parte destes; adotou-se também entrevistas individuais, diário de campo e outras fontes de conhecimento, tais como teses, dissertações, livros, artigos, etc. Destarte, identificase que no Brasil as/os adolescentes carregam o histórico de institucionalização e, para isso, produzem-se verdades que sustentam esse processo subjetivo de criminalização desses sujeitos, encarcerando-os/as de modo precoce. Nao obstante, as adolescentes institucionalizadas no CESEF já tiveram algum tipo relação direta com substâncias psicoativas, o que possibilita o atrelamento do ato infracional ao uso de drogas. Considerando esse contexto institucional das adolescentes enquanto perverso, entendo que a produção subjetiva da periculosidade e do medo fazem parte de uma estratégia de governamentalidade que constitui a égide penal na atualidade, excluindo determinadas camadas na sociedade. Assim, elencou-se disparadores para estas problematizações, tais como: a relação da adolescência e encarceramento e drogas e institucionalização; em ambos, realiza-se breves diálogos com as práticas que constituem essas vidas no CESEF. Desse modo, defende-se a idéia de que precisamos fomentar mais espaços de circulação de informações através do diálogo de temas significativos (como a desigualdade social, as drogas, o encarceramento de adolescentes, etc), para então criar-se estratégias de resistência diante da perversidade que se constitui no âmbito de dispositivo como o da segurança tratando enquanto perspectiva (reducionista) jurídica o que permeia um amplo e complexo contexto de insurgências sociais.
Cartografia da Internação Juvenil Feminina: O Uso de Drogas em Questão, Uma
Valber Luiz Farias Sampaio
Orientador(a)
Maria Lúcia Chaves Lima
Maria Lúcia Chaves Lima
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2017