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Caminhos de Gênero nas Feras de Bissau: Resiliência e Desafios de Mulheres Guineenses em Contextos de Vulnerabilidade Diante dos Impactos Sociais e Econômicos da COVID-19

9 de Abril, 2025 . Teses Peti Mama Gomes

Na Guiné-Bissau, as feras – palavra do Crioulo para “feiras” – exercem um significativo papel na vida econômica, social e cultural do país. São locais de intensas atividades de compra e venda de mercadorias, e também englobam questões de emancipação feminina, pontos de encontro e reencontros, narrativas históricas, vivências e experiências compartilhadas. Sendo assim, configuram-se como espaços públicos plurais e privilegiados desde um ponto de vista etnográfico, onde uma série de relações socioculturais complexas se desenvolvem. Nesse contexto, a presente tese tem como objetivo compreender, por meio de uma perspectiva antropológica-feminina, a dinâmica socioeconômica de mulheres guineenses, que ora como bideras (vendedoras de feira oficiais), fassiduris di bida (mulheres que fazem a vida vendendo), ora como sumiaduris (vendedoras que têm hortas) e bindiduris (vendedoras no geral), estão em movimento com mercadorias desempenhando papéis ativos nas três principais feras locais: Bande, Caracol e Bairro Militar, todas na cidade de Bissau, capital da Guiné-Bissau, antes, durante e após a pandemia. O estudo é resultado de uma pesquisa de natureza etnográfica, cujo processo metodológico combinou pesquisa etnográfica online e trabalho de campo presencial. Para isso, utilizaram-se narrativas orais provenientes de plataformas digitais, como redes sociais, através de mensagens e áudios compartilhados com mindjeris di fera (mulheres de feira). Durante o período de pesquisa, os principais métodos de trabalho etnográfico incluíram conversas informais, transcrição e análise posterior dos dados. Essas últimas etapas ocorreram na cidade de Bissau, com o foco nas bideras e fassiduris di bida. A análise entrou-se na problematização das relações de gênero e trabalho e como elas foram afetadas pela pandemia. Os resultados indicam que as minhas interlocutoras de pesquisa são responsáveis pela organização de uma grande parte da subsistência material e simbólica no país, coisa que foi evidenciada e acentuada durante a emergência da pandemia de COVID-19.

Autor(a)

Peti Mama Gomes

Orientador(a)

Jane Felipe Beltrão

Curso

Antropologia

Instituição

UFPA

Ano

2024