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“Nem Tão ‘Escura” Pra Ser Negra, E Preta, Jamais”: Racismo, Subjetividade e Juventude na Periferia de Belém

19 de Maio, 2025 . Teses Adriana Dias de Moura

A pesquisa ““Nem tão ‘escura’ pra ser negra, e preta, jamais”: racismo, subjetividade e juventude na periferia de Belém” objetiva compreender os efeitos do racismo na constituição da subjetividade de jovens negros que residem na periferia de Belém, capital do estado do Pará, Brasil. Fez-se a opção pelo estudo de caso com uma jovem, estudande, negra, lésbica e moradora do bairro do Guamá-Belém-Pará no intuito de elucidar as seguintes questões: Quais as experiências de racismo vivenciadas pelas(os) jovens e quais os sentidos subjetivos gerados nesse processo? Que configuração subjetiva da identidade racial a(o) jovem constrói nessa sociedade estruturada pelo racismo? Quais as implicações das configurações subjetivas do racismo e da identidade racial no desenvolvimento subjetivo do indivíduo? A pesquisa fundamenta-se na formulação criada por Fernando González Rey, que reúne Teoria da Subjetividade, Epistemologia Qualitativa e Metodologia Construtivo-interpretativa como processo indissociável para produção do conhecimento. A subjetividade é concebida numa perspectiva culturalhistórica como um sistema simbólico-emocional que se desenvolve num processo contínuo, por meio da produção de sentidos subjetivos que se originam das experiências individuais e sociais dentro de um determinado contexto social, histórico e cultural. A construção de novas inteligibilidades acerca do objeto de estudo leva em consideração a íntima relação entre teoria, dialogicidade e criatividade para formulação e desenvolvimento da pesquisa. Foram utilizados como instrumentos: Diário de experiências, Dinâmica conversacional e Complemento de frases. Os resultados apontam que os jovens são submetidos a experiências de/com racismo em todos os espaços de convivência e existência, tais como família, escola, igreja, trabalho, bairro, dentre outros e que isso tem impactos na qualidade das relações afetivas, individuais e sociais, como dificuldade em estabelecer amizades e afirmação da sexualidade. Isto porque o racismo impacta diretamente no processo de construção da subjetividade uma vez que as experiências racistas atuam como fontes geradoras de sentidos subjetivos associados a desvalorização de si, autoanulação, auto-ódio, inferioridade, subalternidade implicando em fragilidade na construção de recursos subjetivos para enfrentamento das opressões que acontecem no cotidiano, o que leva a uma fragilização da afirmação da identidade racial. Conclui-se que a configuração subjetiva do racismo pode inibir ou, ainda, aniquilar a emergência do sujeito enquanto que a configuração subjetiva da identidade racial autodeclarada, autodefinida proporciona o surgimento de recursos subjetivos de enfrentamento da opressão, possibilitando a emergência do sujeito.

Autor(a)

Adriana Dias de Moura

Orientador(a)

Lúcia Isabel da Conceição Silva

Curso

Educação

Instituição

UFPA

Ano

2021