Skip to main content

“Entre o Rio e a Mata”: Um Olhar Decolonial sobre as Imagens e Representações das Infâncias de Crianças Ribeirinhas e suas Implicações na Prática Escolar nas Ilhas de Abaetetuba – Pa

19 de Maio, 2025 . Teses Maria Francisca Ribeiro Correa

O presente estudo aborda a temática Entre o Rio e Mata: um olhar decolonial sobre as imagens e representações das infâncias de crianças ribeirinhas e suas implicações na prática escolar nas ilhas de Abaetetuba-Pa. O objetivo geral foi analisar as imagens e representações das infâncias de crianças ribeirinhas e suas implicações nas práticas escolares nas ilhas de Abaetetuba, já os específicos foram: identificar as imagens e representações das infâncias produzidas e veiculadas por crianças ribeirinhas; compreender a maneira como elas produzem e representam as imagens de suas infâncias no contexto das práticas escolares; refletir sobre a relação entre as imagens e representações produzidas e veiculadas pelas crianças ribeirinhas e suas implicações no contexto das práticas escolares e analisar as práticas escolares e sua relação no processo de espelhamento das metamorfoses das infâncias ribeirinha, com foco nas experiências e vivências como crianças ribeirinhas, o que possibilitou indagar sobre em qual medida essas imagens e representações estão implicadas no contexto das práticas escolares? Considerando que, provavelmente, os saberes e fazeres que perpassam suas experiências implicam na invisibilidade atribuída pela escola, ocultando e negando a relação de aprendizagem e conhecimentos que essas crianças estabelecem entre o rio e a mata. Trata-se de uma abordagem qualitativa, na perspectiva da vivência na pesquisa de processos de colaboração e horizontalidade em que as crianças são intérpretes e coautoras. Por isso, a pesquisa está organizada na perspectiva de uma etnografia decolonial com crianças na EMEIF São Raimundo, localizada na Comunidade do Rio Paruru – Ilhas de Abaetetuba, considerando que a problemática gira em torno do questionamento sobre em qual medida as imagens e representações das infâncias construídas e veiculadas por crianças ribeirinhas no contexto de suas vivências implicam nas práticas escolares nas Ilhas de Abaetetuba. A coleta de dados se deu mediante a observação participante, roda de diálogo com crianças, entrevista, árvore dos sonhos, oficina de produção do mapa comunitário e oficina de desenho e passeio encantado, ancorados, inicialmente no levantamento bibliográfico sobre a temática em evidência, mas sobretudo, construídos no contexto da participação e interação na vida comunitária das crianças. Os resultados apontam que as crianças ribeirinhas produzem seus saberes e vivem suas experiências na relação com os elementos presentes em seu cotidiano, em geral, ligados ao contexto do rio e da mata. Nas brincadeiras, elas utilizam esses espaços para brincar e conseguem (re)criar e (re)inventar novas brincadeiras e novas formas de brincar utilizando os objetos de seu contexto sociocultural, assim como produzem e socializam os saberes sobre o rio, a mata, a pesca, a baía e seus tempos/espaço. Porém, na medida em que adentram o espaço escolar, são “despidas” de suas “vestes” e forçadas, treinadas, adestradas para assumirem e adotarem outras identidades, outras maneiras de “ser” criança, de produzir suas infâncias. Seus saberes e fazeres são anulados diante das verdades incontestáveis de um saber absoluto, universal, opressor, segregador presente em práticas curriculares eurocentradas. Por isso, a pesquisa, além de enfatizar os elementos que constituem as imagens e representações das infâncias ribeirinhas, aponta para possibilidades em que os saberes e fazeres das crianças se constituem como ferramenta poderosa para repensar a base e a orientação curricular das escolas ribeirinhas, assim como as didáticas, as metodologias e o próprio fazer pedagógico que passa a ser olhado a partir das necessidades e contextos de vida das crianças ribeirinhas.

Autor(a)

Maria Francisca Ribeiro Correa

Orientador(a)

Waldir Ferreira de Abreu

Curso

Educação

Instituição

UFPA

Ano

2022