Esta dissertação teve por objetivo investigar como uma coordenadora pedagógica organiza o meio social formativo de professores e possíveis implicações dessa formação para os saberes e práticas docentes. Para tanto, apoiou-se no sistema teórico-conceitual de Vigotski e em formulações de estudiosos que investigam a temática da coordenação pedagógica. A pesquisa, de cunho histórico-cultural, configurouse dentro dos aspectos da abordagem qualitativa num estudo de caso e realizou-se no município de Marabá-Pará, em uma escola dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O estudo foi subdivido em duas etapas. Na primeira etapa, realizou-se a caracterização do lócus da pesquisa, envolvendo a escolha da instituição, o contato com os participantes e a obtenção dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. A segunda etapa consistiu no acompanhamento do trabalho formativo realizado por uma coordenadora pedagógica junto aos professores. Primeiramente, buscou-se identificar as relações sociais vividas pela coordenadora para analisar de que modo elas explicam a sua atuação profissional. Em seguida, procurou-se identificar as categorias que expressam os modos pelos quais ela organizava o meio social formativo de professores. Finalmente, realizou-se uma ação colaborativa preliminar com a coordenadora. A produção das informações nessa etapa da pesquisa ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, realizadas com a coordenadora pedagógica e com professores, observação dos processos formativos, anotações em diário de campo e análise documental dos instrumentos que auxiliavam o trabalho pedagógico. Os resultados do estudo apontam que o modo como a coordenadora pedagógica organizava o meio social formativo de professores mantinha relação direta com suas condições concretas de vida. Os processos formativos eram organizados com base em suas experiências pessoais, profissionais e formativas e apesar de não traduzirem a cientificidade do trabalho pedagógico, configuravam-se em momentos significativos do pensar, planejar e agir pedagógico. O estudo revelou que esses processos formativos têm a possibilidade de contemplar as especificidades do trabalho docente, guiar-se pelas necessidades formativas dos professores, envolver os professores no processo de planejamento e execução da formação e ressignificar os saberes e práticas docentes numa perspectiva de formação crítica e transformadora. A ação colaborativa demonstrou que as categorias teóricas criadas por Vigotski para uma melhor compreensão do processo de formação humana, tais como zona de desenvolvimento proximal, obutchenie e relações sociais são relevantes para o campo da didática, no que concerne ao processo educativo. Essas categorias permitem capturar as contradições das práticas escolares e circunscrevem as possibilidades reais de superação na organização do trabalho pedagógico. Conclui-se que o meio social formativo organizado pela coordenadora pedagógica contribui de modo significativo para a melhoria do trabalho docente no que tange à organização da rotina pedagógica. Todavia, falta uma base teórica sólida e crítica que oriente os processos formativos e fundamente o trabalho educativo numa perspectiva de educação emancipadora que permita aos professores reconhecerem as bases epistemológicas que sustentam suas práticas e, assim, ressignificarem seus saberes e práticas. O estudo sugere que o conceito de meio social formativo, adaptado do conceito de modo social educativo, elaborado por Vigotski, mostra-se potente para a compreensão, organização e realização do trabalho de formação de professores, desenvolvido pelo coordenador pedagógico nas escolas.
Coordenador Pedagógico como Organizador do Meio Social Formativo de Professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Um Enfoque Histórico-Cultural, O
Lusinete França de Carvalho
Orientador(a)
Sônia Regina dos Santos Teixeira
Curso
Educação
Instituição
UFPA
Ano
2019