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Medicalização no Governo das Condutas a partir da Analítica de Michel Foucault em a História da Loucura, A

28 de Abril, 2025 . Dissertações Leticia Lages Assunção

Essa dissertação consistiu em analisar a construção da história da medicalização da loucura a partir das práticas de saber, poder e subjetivação que produziram/produzem a figura do louco na sociedade, por meio de práticas discursivas e não discursivas, para então colocar em xeque a expansão dos processos de medicalização e de patologização dos corpos desviantes/subversivos. É a partir da obra e dos cursos de Michel Foucault enquanto fonte dessa pesquisa que um enfoque maior foi dado à década de 70, no século XX. Assim, esta reflexão é corroborada nos cursos O poder psiquiátrico (1974/2006) e Os anormais (1975/2001), em um cotejamento histórico genealógico com a obra História da Loucura: na idade clássica (1961/2017), para problematizar as descontinuidades históricas nas tentativas de adestramento da loucura (no sentido de captura e enquadramento dos corpos mediante um governo das condutas) até às práticas autoritárias de medicalização da loucura (enraizadas e socialmente aceitas por intermédio dos domínios de saber-poder), em nome da normalização das existências e da racionalização em um sujeito soberano como suposta relação entre sujeito e verdade. É no intuito de acompanhar as descontinuidades que este estudo foi traçado pela arqueogenealogia, cujo a fundamentação e análise dessas transições foram trabalhadas por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental que perpassou tanto a Filosofia quanto a Psicologia. Desse modo, o objetivo geral foi o de investigar o percurso histórico de “adestramento/normalização da loucura”, como resultado de processos construídos historicamente, por meio de uma esfera da visibilidade pautada em discursos científicos privilegiados, padrões de normalidade e de um saber-poder médico que situou o louco e a loucura em jogos de verdade e de controle. Quanto aos objetivos específicos, selecionou-se: interrogar as práticas de saber que forjam a loucura como objeto de internação; analisar as práticas de poder que internam e moralizam os corpos chamados de loucos em sistemas te clausura; problematizar as práticas que subjetivam o louco como um problema social; descrever e analisar práticas de medicalização da loucura e normalização das pessoas classificadas como loucas em um cotejamento de descontinuidades com a psiquiatrização e a ideia de defesa da sociedade pela gestão da anormalidade. Como problema de pesquisa, buscou-se delinear que a política da loucura tomou para si um poder de definição, tornando a “medicalização da loucura” uma prescrição de várias faces estigmatizadas e etiquetadas dos corpos que, ao fortalecer uma indústria da normalidade e uma cultura medicalizante da vida, pautada em diversos mecanismos de clausuras. Como resultados, concluiu-se que a medicalização e patologização da loucura operou por deslocamentos e atualizações do poder psiquiátrico e dos mecanismos médico-psicológicos no governo das condutas na tentativa constante de captura da subjetividade, em um racismo de Estado e de sociedade.

Autor(a)

Leticia Lages Assunção

Orientador(a)

Flávia Cristina Silveira Lemos

Flávia Cristina Silveira Lemos

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2022