A presente dissertação tem o objetivo de discutir a articulação da angústia com a constituição do Ego no pensamento de Jean-Paul Sartre, principalmente o que encontramos nas obras O Ser e o Nada, A Transcendência do Ego e A Náusea. Buscamos demonstrar a importância da angústia no pensamento sartriano, evidenciando sua característica denunciante da injustificabilidade da existência e reversibilidade do projeto. Para tanto, empreendemos uma pesquisa bibliográfica abrangendo os textos sartrianos que discutem a ontologia da angústia e suas articulações com a constituição – sempre inacabada – da subjetividade. Com essa pesquisa bibliográfica, percebemos que a angústia está sempre presente como sinalizadora do fundo de nada constituinte do ser do existente. Compreendemos que, a todo momento, quando o existente trilha seu projeto em determinado caminho, está sob o risco de não o trilhar mais. Segundo o caminho que construímos nesta pesquisa, o romance A Náusea nos apresenta uma estrutura narrativa em que é possível experimentar – em algum nível – os momentos em que a vida se torna angustiante e o Ego ameaça ruir, para mais tarde, abrir-se diante de novas possibilidades de ser. Nesse sentido, uma psicologia fenomenológica não pode deter-se nas teorias e concepções prévias acerca do que se investiga; se o objeto da psicologia é a subjetividade, é necessária uma atitude implicada em deixar-se guiar pelo próprio objeto investigado. A psicologia fenomenológica tem em mãos o desafio de sustentar um pensar que leve em conta a experimentação mais originária e angustiante da vida. Isto considerando o desvelamento daquilo que pode ser captado de mais fundamental na experiência da angústia e acompanhando os desdobramentos de uma subjetividade mais tardia, que está em função da mobilidade nadificadora do existente.
Articulação entre a Angústia e a Constituição do Ego no Pensamento de Jean-Paul Sartre, A
Lucas Maciel Cordeiro
Orientador(a)
Cezar Luis Seibt
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2021