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Dilemas das Mãos que Embalam: Um Estudo Psicanalítico sobre a Angústia entre Cuidadores de um Serviço de Acolhimento Infantil, Os

28 de Abril, 2025 . Dissertações Gabriela Rodrigues Lopes Pereira

Impulsionada por uma experiência de trabalho como psicóloga em um serviço de acolhimento infantil, a problemática desta pesquisa surgiu a partir de demandas direcionadas ao setor de psicologia acerca das inquietações vivenciadas pelos cuidadores (técnicos de enfermagem e educadores), diante das práticas de cuidado com as crianças e adolescentes com deficiência acolhidos no Abrigo Especial Calabriano. Assim, o fio condutor deste trabalho foi embasado na seguinte pergunta norteadora: de que forma os aspectos subjetivos, em especial a angústia, se presentifica no discurso dos cuidadores de um serviço de acolhimento? O eixo metodológico escolhido para o desenvolvimento deste estudo foi a pesquisa clínica em psicanálise e a Análise de Discurso (AD) com o enlace de pilares teóricos da psicanálise, tais como o infamiliar (Das Unheimliche), para a discussão dos dilemas do cuidar em um serviço de acolhimento. O instrumento utilizado como dispositivo disparador da fala e, portanto, como possibilidade de abertura e acesso ao conteúdo inconsciente dos participantes foi um roteiro de entrevista semiestrututrada. Assim, foram entrevistados quatro cuidadores de ambos os sexos atuantes na instituição. No campo institucional, corre-se o risco de apreender a questão da angústia de maneira superficial atribuindo-a à cada profissional em suas práticas laborais, o presente trabalho, por outro lado, analisa a complexidade da temática na interrelação do subjetivo com o contexto institucional, bem como, o lugar da psicanálise nesse cenário, e conclui que a manifestação da angústia não está desarticulada da dimensão institucional. Afinal, os ideais e expectativas da instituição atravessam os sujeitos nela submersos, influenciando o modo como as práticas de trabalho e as relações interpessoais são reproduzidas diariamente. No intuito de responder a determinados ideais profissionais e expectativas institucionais, o cuidador se vê confuso tanto diante das suas próprias demandas psíquicas quanto dos seus limites em termos de atuação. Em suma, enfrenta a sua condição de sujeito também faltoso. A angústia de castração surge para os cuidadores como proteção diante da possibilidade de desamparo psíquico e pode ser apreendida como o retorno de um conteúdo recalcado que força o sujeito se deparar com a própria falta.

Autor(a)

Gabriela Rodrigues Lopes Pereira

Orientador(a)

Maurício Rodrigues de Souza

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2022