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Percurso e Reconhecimento da Identidade Psicológica na Experiência Transmasculina

25 de Abril, 2025 . Dissertações Davi Miranda

O trabalho aqui apresentado considera que: a) no contexto das experiências transmasculinas a construção de masculinidade se dá de maneira distinta da masculinidade cisgênera pela socialização recebida, que é incongruente à própria percepção de gênero; b) a identidade psíquica e a identificação com o gênero se envolvem na vivência da transexualidade, como um fenômeno que afeta as fronteiras do sexo; c) pela experiência de reconhecimento para si, o sujeito passa a identificar em sua trajetória pessoal pistas que se adéquam a nova compreensão da sua identidade masculina. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, baseada em uma abordagem fenomenológica e hermenêutica. A relevância dela implica em contribuir social e cientificamente para esclarecer aspectos do reconhecimento de si e do reconhecimento social de transexuais masculinos, a partir da questão: “Quais as percepções de homens trans acerca das masculinidades?”, tendo como objetivos foram: Identificar as formas de autorreconhecimento da masculinidade; Verificar quais significados de masculinidade são subjetivamente apropriados pelos homens trans entrevistados. Quanto a fundamentação teórica e analítica, utiliza-se as proposições de Paul Ricoeur, na obra O Percurso do Reconhecimento, compreendido como o momento, em que o sujeito busca atestação de suas percepções de gênero em construtos socialmente validados de masculinidade, dentre os quais, destacamos as modificações corporais, por meio da hormonioterapia, da utilização de faixas de compressão do corpo e da adoção de comportamentos e vestuário socialmente lidos como masculinos. Na metodologia recorre-se ao delineamento definido por Amedeo Giorgi e Daniel Sousa, cujo método permite obter a compreensão dos sujeitos acerca dos significados de suas experiências subjetivas da identidade transmasculina. Para a coleta de dados, realizou-se entrevistas semiestruturadas com três participantes atendendo aos protocolos éticos e sanitários ligados à pandemia da Covid-19. Os critérios de inclusão foram: a) auto identificar-se como homem trans; b) faixa etária de 18 a 40 anos; c) ter iniciado a transição de gênero e estejam submetidos à terapia hormonal; d) residir na cidade de Belém-Pa. Os critérios de exclusão foram: a) pessoas trans de identidade não binária; b) homens trans que não tenham iniciado a transição hormonal; c) homens trans que ainda não tenham reconhecimento social no gênero masculino. Entre os resultados, observou-se que os participantes perceberam dissonâncias entre sexo e gênero desde a infância, reconhecendo a si mesmos como homens; não enquadramento psicossocial nas expectativas de gênero. Conclui-se que o reconhecimento da identidade transmasculina ocorreu, por meio de uma experiência de desconhecimento, de uma não identificação com a identidade feminina e simultaneamente, por identificação psicológica, a partir de uma identidade masculina. Espera-se que a pesquisa contribuía para a compreensão de algumas dinâmicas psicológicas que ocorrem nos processos de subjetivação de homens trans, bem como fornecer subsídios para a configuração de políticas públicas na área da saúde mental.

Autor(a)

Davi Miranda

Orientador(a)

Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2020