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Gestação, Parto e Violência Obstétrica: Narrativas de Mulheres sobre as Práticas Assistenciais de Saúde na Cidade de Bragança (PA)

25 de Abril, 2025 . Dissertações Alaiana Menezes da Silva

O termo Violência Obstétrica é empregado para designar diferentes formas de violência durante o período gravídico-puerperal, que compreende como maus tratos físicos, psicológicos e verbais, assim como procedimentos desnecessários e danosos ao corpo da mulher. A literatura indica que a violência obstétrica atinge uma em cada quatro gestantes atendidas nos serviços de saúde brasileiro. Nesse cenário, a presente pesquisa teve por objetivo estudar as percepções de mulheres, no período de até 40 dias após o último parto, sobre as práticas de violência obstétricas. Fundamentada pela perspectiva construcionista, a pesquisa tem como referencial teórico-metodológico as práticas discursivas e utiliza como ferramentas de pesquisa entrevistas semidirigidas e observação-participante. Foram entrevistadas seis mulheres residentes na cidade de Bragança, localizada na região Noroeste do Estado do Pará. As observações foram sistematicamente registradas no diário de campo. As entrevistas foram gravadas, transcritas integralmente e para sua análise, produzimos mapas dialógicos para cada uma delas. Em seguida, as categorias temáticas identificadas nos mapas permitiram realizar a discussão e análise dos seguintes temas: a) planejamento reprodutivo: o desejo pela gravidez; b) o pré-natal e o diálogo dos riscos; c) parto: o discurso médico- soberano; d) a (in)visibilidade da violência obstétrica. Dessa forma, observamos que apesar de nem todas as participantes da pesquisa identificarem a violência obstétrica, nas ações desenvolvidas nos serviços de saúde, ela está muito presente nas diferentes ações dirigidas a saúde reprodutiva da mulher. Assim, identificamos situações de violência no planejamento reprodutivo; no pré-natal quando os desejos das mulheres são silenciados pelas vozes dos profissionais que ditam o que é melhor para elas, sem ou menos ouvi-las; no parto tanto nos vaginais quanto nos cirúrgicos; e no pós-parto, quando elas não recebem nenhuma informação do que ocorreu em seus corpos. Além disso, ficou evidente que as discussões sobre a violência obstétrica permanecem invisíveis nas ações de educação em saúde no pré-natal, o que favorece as práticas de procedimentos desnecessários e a soberania do discurso médico sobre seus corpos. Portanto, é fundamental que os estudos sobre a violência obstétrica sejam ampliados e que os esforços sejam realizados para incluir o combate a esse tipo de violência nas políticas públicas de saúde.

Autor(a)

Alaiana Menezes da Silva

Orientador(a)

Jacqueline Isaac Machado Brigagao

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2020