Skip to main content

Sobre Perdas, Lutos e “Sufoco”: Desvelando Histórias de Pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

24 de Abril, 2025 . Dissertações Luciana do Nascimento Castello

Este estudo tem por objetivo compreender os significados atribuídos ao viver com doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC considerando que esta representa uma ameaça continua à vida dos seus portadores, visto ser uma doença crônica, de curso progressivo que vai de limitante à incapacitante para a realização de atividades de vida diária, potencialmente letal, devido o avanço e agravamento dos sintomas e do comprometimento pulmonar, ao longo do tempo, por isso com prognóstico reservado. A estratégia metodológica foi fundamentada na abordagem qualitativa, que corresponde a um método voltado as singularidades e particularidades de um objeto, sem a pretensão de generalizações ou de verdades absolutas quanto aos resultados encontrados. O método escolhido foi a História Oral Temática, que se considerou adequado para alcance dos objetivos, possibilitando que os colaboradores contassem suas histórias sobre ser portador de DPOC. A pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório para pacientes com DPOC do Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB, vinculado à Universidade Federal do Pará, em Belém-Pa. Colaboraram com a pesquisa, 06 (seis) pacientes que estavam sob tratamento nesse ambulatório, sendo 03 (três) homens e 03 (três) mulheres. Como instrumento para coleta dos dados foi utilizado entrevista semiestruturada utilizando-se um roteiro composto de cinco questões que versavam sobre o viver com DPOC. Para análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo, por meio do qual foram identificados 03 (três) eixos temáticos: as limitações e perdas no adoecer; o luto pelo que morre a cada dia; o “sufoco” que há na dispneia: para além da insuficiência respiratória. Na análise compreensiva das histórias narradas foram destacados os trechos considerados mais representativos dos conteúdos trazidos pelos colaboradores. A análise revelou que há a vivência de muitas perdas, em vários aspectos da vida, tais como, econômico, social, familiar, sexual e o modo como percebem e enfrentam essas perdas têm relação com seus contextos de vida, com suas características pessoais, como se relacionam com o mundo e com os outros, além dos suportes social e familiar. As perdas são sentidas como pequenas mortes de si mesmo, o que ocasiona o pesar e demanda a vivência do processo de luto. Associa-se a isto a sensação subjetiva de dispneia, que é um sintoma da doença, mas é expressa de modo singular, revelando que é atravessada por estados emocionais como ansiedade, depressão e principalmente angústia de morte, que influenciam na apresentação, percepção individual, frequência e severidade do sintoma. Os achados sugerem que há relações entre as alterações psicológicas observadas, a vivência do processo de luto e os modos de expressão do viver com DPOC, como por exemplo, o sintoma de dispneia. Tendo como base esta compreensão foi destacada a necessidade de promover espaços de cuidados para expressão do luto, como, por exemplo, nos ambientes de sala de espera, o que pode oportunizar momentos terapêuticos para a elaboração das perdas, além da relevância para as equipes de saúde em considerar a rede de apoio familiar e social desses pacientes. Destacam-se ainda as variáveis religiosidades e sentimento de esperança, os quais são desvelados como suporte emocional ao processo de luto.

Autor(a)

Luciana do Nascimento Castello

Orientador(a)

Airle Miranda de Souza.

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2016