Sem se configurar como um fenômeno novo, a violência é um dos temas mais discutidos e preocupantes nos dias atuais, trazendo desafios nada desprezíveis para diversos campos do saber. Nestes termos, ao considerar as ferramentas conceituais oferecidas pela psicanálise como particularmente relevantes para um debate sobre o assunto, o presente trabalho detém como principal objetivo pesquisar os modos como a violência é abordada no pensamento de Freud, mais especificamente nas suas articulações com a cultura. Em termos metodológicos, trata-se de um estudo de natureza conceitual e histórica que, pela via de um levantamento bibliográfico, destaca em um primeiro momento o contexto teórico referente ao artigo Considerações Atuais Sobre a Guerra e a Morte. Em seguida, são apresentadas e debatidas importantes mudanças realizadas no discurso freudiano referente às inter-relações entre violência e cultura, especialmente entre 1915 e 1932, culminando com uma leitura pormenorizada do texto Por que a Guerra. Tal linha de investigação conduz à conclusão de que a psicanálise, pontuando o caráter violento do estabelecimento da cultura e sustentado que a violência está na origem do poder, contrapõe-se a grande parte dos discursos que abordam a temática que apontam para uma lógica que aparta bárbaros de civilizados, violentos de pacíficos. Deste modo, a pesquisa defende que a psicanálise tem algo de singular a dizer sobre a questão da violência e, assim, sublinha o que o discurso psicanalítico pode oferecer como alternativa aos discursos dominantes sobre a violência.
Freud: Violência e Cultura
Luciana Norat Coelho
Orientador(a)
Maurício Rodrigues de Souza
Curso
Psicologia
Instituição
UFPA
Ano
2015