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“Só Sei por Cima Só”: As Comunidades Quilombolas do Município de Santarém-Pará e a Vulnerabilidade ao HIV/AIDS

22 de Abril, 2025 . Dissertações Willivane Ferreira de Melo

Os parcos estudos sobre a temática do HIV/Aids e as comunidades quilombolas apontam para uma vulnerabilidade à infecção pelo vírus, principalmente no nível programático, ou seja, de politicas e serviços públicos. O objetivo deste estudo foi identificar as condições de acesso e utilização do serviço público de saúde de HIV/Aids das comunidades quilombolas no município de Santarém, estado do Pará, identificando ações de prevenção e de cuidado em relação a este agravo, sob a perspectiva dos quilombolas. O estudo é do tipo qualitativo, realizado com 04 comunidades intituladas Tiningú, Murumurutuba, Saracura e Pérola do Maicá, por meio de 20 entrevistas semiestruturadas (04 lideranças, 03 agentes de saúde, 13 moradores), conversas informais e observação participante. Os resultados demonstraram que os entrevistados tinham alguma informação a respeito do HIV/Aids e, em geral, a fonte de informação foi a instituição de ensino superior (IES), por meio da realização de projetos de pesquisa e extensão; a via de transmissão do vírus mais referida foi a sexual; a informação mais citada sobre as formas de prevenção foi o uso do preservativo masculino, embora a abstinência sexual e ter parceiro fixo tenham sido citados como métodos preventivos; as ações de prevenção do serviço público de saúde têm o foco nas mulheres gestantes, por meio do programa de pré-natal (prevenção secundária), com dificuldades de acesso aos insumos para ações mais amplas de educação para a saúde; finalmente, há disparidades na dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde, sendo a área de várzea a mais atingida. O estudo demonstrou a existência de um contexto de vulnerabilidade programática com baixo acesso ao Sistema Único de Saúde, o que foi considerado uma forma de racismo institucional. As relações estabelecidas entre o movimento quilombola local e a IES têm contribuído para dar visibilidade à discussão sobre HIV/Aids nessas comunidades. Há necessidade de intensificar a educação para a saúde, inserindo as ações de prevenção, em que a diversidade racial e cultural seja um dos elementos a ser considerado no planejamento, visando à garantia de construção de políticas públicas de saúde que respeitem esses territórios, ou seja, que os incluam nos direitos legítimos da cidadania.

Autor(a)

Willivane Ferreira de Melo

Orientadores(as)

Pedro Paulo Freire Piani

Ana Cleide Guedes Moreira

Curso

Psicologia

Instituição

UFPA

Ano

2014